GPA está avançando em venda de ativos, mas espera desfecho apenas em 2024, diz CEO
O GPA está avançando no processo de venda de sua sede na capital paulista e da sua rede de postos de combustíveis, mas um desfecho e, principalmente, a entrada em caixa dos recursos são esperados apenas para o próximo ano, afirmou nesta quarta-feira o presidente-executivo do varejista, Marcelo Pimentel.
"Nenhum deles (dos negócios) vai acontecer em 2023. São projetos que estão avançando, mas a materialização desse caixa vai ocorrer ao longo de 2024", afirmou o executivo à Reuters, após evento da empresa com investidores, também quase descartando a chance de fechamento de qualquer acordo envolvendo os ativos neste ano.
A companhia está se desfazendo de negócios que considera não estratégicos, conforme busca reduzir o nível de endividamento, que no terceiro trimestre ficou em 5,9 vezes o Ebitda ajustado em 12 meses, considerando a dívida líquida pós-arrendamento, de 7,042 bilhões de reais.
Em um exercício hipotético apresentado no Investor Day do GPA pela manhã, o CFO da companhia, Rafael Russowsky, chegou a uma redução desse patamar para 3,9 vezes, considerando as vendas de ativos já executadas (-0,7 vez) e o guidance de margem Ebitda para o próximo ano de 8% a 9% (-1,3 vez).
No cálculo de vendas já executadas, estão as alienações de participações na rede colombiana Éxito no valor de 790 milhões de reais, que Pimentel prevê que entre no caixa do GPA no primeiro trimestre de 2024, e na Cnova pelo equivalente a 54 milhões de reais, com pagamento de 80% do valor no atual trimestre.
Com a rede de postos e a sede, o GPA estima recursos potenciais da ordem de 500 milhões de reais, conforme já sinalizado no final de outubro. Atualmente, o GPA tem 66 postos em operação.
"Isso obviamente não é um valor cravado na pedra, pode ter uma oscilação, 450, 420, 520, 530... É muito mais uma ordem de grandeza para darmos uma cor ao mercado de mais ou menos aonde estamos negociando esses ativos", afirmou Russowsky, também em entrevista à Reuters nesta quarta-feira após o evento.
Pimentel e Russowsky preferiram não revelar previsões relacionadas à alavancagem da companhia para 2024, mas o CEO afirmou que as contas não são difíceis de fazer, olhando o nível de endividamento, a posição de caixa e os recursos que ainda têm para entrar com a venda de ativos.
"Vamos reduzir significativamente o nível de alavancagem", reforçou o executivo, ressaltando que esse movimento também será ajudado pela melhora operacional do negócio, com aumento da margem Ebitda em direção ao guidance de fechar 2024 com um percentual entre 8% e 9%. O GPA reportou margem Ebitda ajustada das operações no Brasil de 7% no terceiro trimestre.
De acordo com o CFO, o exercício sobre o nível de endividamento, que considera o ponto médio do guidance de margem Ebitda para o próximo ano e as vendas do terceiro trimestre em uma base de 12 meses, foi só uma simulação para mostrar onde a companhia pode chegar com o que já se conhece.
"Se projetarmos isso para a frente e com aumento na nossa receita, estimamos que, de maneira mecânica, ...vamos fazer também crescer o nosso volume financeiro do Ebitda", afirmou. No terceiro trimestre, as vendas mesmas lojas do varejista cresceram 6,6% frente ao mesmo período do ano anterior.
Na visão dos executivos, esse crescimento de vendas esperado encontra respaldo, entre outros fatores, no desempenho recente, bem como no plano de expansão "relativamente agressivo" do grupo, que prevê abrir mais 50 lojas no ano que vem, sendo 44 lojas de proximidade e seis unidades do Pão de Açúcar.
Eles também veem uma acomodação no cenário de deflação, para um quadro mais estabilizado, após um 2023 mais duro principalmente em relação à deflação de produtos alimentares.
CAUTELA
Questionado sobre as perspectivas para o final do ano, Pimentel ressaltou que o GPA continua enxergando potencial expansão de participação no mercado brasileiro e que está preparado para um "ótimo Natal", mas ponderou que a situação da economia brasileira não permite euforia.
"Nós estamos cautelosos, mas o cenário ainda não permite um otimismo exacerbado", afirmou.
"Nós ainda temos uma economia se recuperando, pessoas endividadas que precisam concentrar na desalavancagem de suas dívidas e que precisam, uma vez feito isso, voltar para o mercado para consumo. Isso é um processo que está sendo verdadeiro no varejo brasileiro", acrescentou o CEO.
De acordo com o executivo, gradualmente está se observando uma melhora, com o GPA mostrando uma evolução mais rápida do que a média do varejo brasileiro, enquanto a queda da taxa de juros vai corroborar com esse movimento. "Mas é um cenário macroeconômico que ainda não é o ideal."
Na bolsa paulista, as ações do GPA valorizavam-se 3,13%, a 3,95 reais cada, nesta tarde. No ano, porém, ainda acumulavam uma perda em torno de 16%.