Greve paralisa Argentina e manifestantes são reprimidos
Paralisação em protesto contra medidas de austeridade do governo Macri atinge setores-chave, como educação, saúde, indústria e transporte
Com um amplo esquema de segurança, a polícia argentina reprimiu na manhã desta quinta-feira (6) com gás lacrimogêneo um grupo de manifestantes que tinha cortado o trânsito na rota Pan-Americana, um dos principais acessos ao norte da capital.
Houve protestos em várias regiões. A polícia foi acionada para controlar os piquetes e cortes de estradas que começaram a ocorrer desde a madrugada desta quinta-feira nas entradas das principais cidades do país, com níveis de tensão maiores nos acessos a Buenos Aires.
O incidente, que terminou com vários feridos e nove detidos, ocorreu depois que a ministra de Segurança, Patricia Bullrich, ordenou a liberação da estrada.
Bullrich pediu que a população saísse de suas casas e não se deixasse amedrontar pelas "máfias" que, segundo afirmou, querem impedir a sociedade de exercer seus direitos. "Saiam para trabalhar, de bicicleta, carro, caminhão, caminhonete, ou o que seja", sugeriu a ministra em declarações à emissora de televisão "Todo Noticias".
Além do corte na Pan-Americana, diferentes grupos de manifestantes deram um nó no trânsito em áreas da capital como a Praça do Obelisco e em acessos como a ponte Pueyrredón, onde centenas de integrantes de movimentos sociais lançavam palavras de ordem contra o Executivo.
Greve
Os argentinos paralisaram parte do país com uma greve geral contra medidas de austeridade do governo Mauricio Macri. A paralisação, a primeira na atual gestão, atingiu sobretudo o setor de transportes, e houve confrontos entre manifestantes e polícia.
Em Buenos Aires, quase todo o sistema de transporte público parou, praticamente somente os táxis circularam pelas ruas da capital argentina. O governo da cidade decretou a gratuidade dos pedágios das estradas e dos estacionamentos públicos durante o dia de greve, a fim de incentivar os trabalhadores a comparecerem em seus postos de trabalho em seus próprios veículos.
Segundo o Departamento de Aviação Civil da Argentina, a greve interrompeu 800 voos e afetou cerca de 60 mil passageiros. A Aerolíneas Argentinas cancelou seus voos nacionais e internacionais, que sairiam dos aeroportos de Ezeiza e Aeroparque.
A paralisação atingiu ainda fortemente setores-chave como educação, com grande parte das escolas fechadas, saúde, indústria e o bancário.
"A greve é um sucesso. Demonstrou por todo o país o descontentamento com as políticas econômicas do governo", avaliou Carlos Acuna, líder da CGT.
A economia argentina recuou 2,3% em 2016. Apesar da promessa eleitoral de baixar a inflação para 10% em dois anos, o índice, no primeiro ano do governo de Macri, chegou a 40%, e com ele houve uma queda no poder aquisitivo da população. A pobreza no país também vem aumentado, diferente do prometido. Quase um terço dos argentinos vive na pobreza.
Macri condenou a greve e disse que a paralisação não ajuda os trabalhadores. O presidente acusou ainda os sindicatos de se comportarem como mafiosos.
CN/efe/afp
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