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Guedes cancela participação no Fórum Econômico Mundial de última hora

Ministro participaria de painel online do evento nesta sexta-feira, mas desistiu porque teve de "resolver assuntos internos", segundo sua assessoria

29 jan 2021 - 14h59
(atualizado às 14h59)
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BRASÍLIA e SÃO PAULO - O ministro da Economia, Paulo Guedes, cancelou a participação que faria no Fórum Econômico Mundial de Davos, que acontece no formato virtual este ano por causa da pandemia. Ele participaria do painel "Reparando o Sistema de Comércio Internacional" nesta sexta-feira, 29.

O 'bolo' de Guedes foi informado no início do debate pelo mediador, o comentarista chefe de economia do Wall Street Journal, Greg Ip. Instantes mais tarde, a assessoria de imprensa do ministro da Economia confirmou o cancelamento da participação do ministro e argumentou que ele desistiu do encontro para "resolver assuntos internos". A pasta não informou qual a natureza dos assuntos aos quais Guedes se dedica no momento.

O presidente e diretor-executivo da Merck KGaA, Stefan Oschmann, a ministra de Comércio Internacional do Reino Unido, Elizabeth Truss, e o ministro de Comércio Exterior e Cooperação para o Desenvolvimento da Holanda, Sigrid Kaag, continuaram no evento, conforme o previsto.

Com a ausência de Guedes, a participação de brasileiros no Fórum Econômico Mundial de Davos ficou reduzida. O nome de maior peso foi o do vice-presidente Hamilton Mourão. Em uma apresentação sobre a Amazônia, ele, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal, cobrou apoio privado e internacional junto ao poder público para preservar a região.

A comitiva brasileira contou ainda com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que focou seu discurso em tecnologia e inovação. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, fechou a participação do País no fórum nesta sexta, em um painel sobre geopolítica. Ele aproveitou o palanque para colocar o Brasil como possível parceiro com outros países, mas ressaltou questões como democracia, liberdade e criticou o "totalitarismo tecnológico".

Déjà vu

O cancelamento de última hora da participação do ministro é inédita em relação à programação do evento. No entanto, é uma repetição do que ocorreu em janeiro de 2019 com a imprensa, quando o encontro foi o palco para a estreia internacional do recém-empossado Jair Bolsonaro. Naquela ocasião, havia sido marcada uma entrevista coletiva para jornalistas brasileiros e estrangeiros com o presidente e os ministros que o acompanharam até os Alpes Suíços.

Depois de meia hora de espera, com os profissionais da imprensa já nervosos com a demora, a organização do fórum informou que não haveria mais entrevista, o que surpreendeu a todos, inclusive membros da organização do evento. Além de Bolsonaro, estavam no encontro Sergio Moro (então ministro da Justiça), Guedes (Economia) e Araújo (Relações Exteriores). O que se apurou há dois anos é que a coletiva foi suspensa porque o governo estaria insatisfeito com a cobertura da imprensa durante o Fórum.

Uma fonte da comitiva chegou a dizer ao Estadão/Broadcast na ocasião que o presidente estava extremamente incomodado com as perguntas sobre operações financeiras do filho, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). "A gente está aqui fazendo um trabalho de melhorar a posição do Brasil, é claro. E a imprensa fica perguntando: 'E o Flávio Bolsonaro? E o Flávio Bolsonaro?'", relatou. "Poxa, não vamos conversar com esses caras que só sabem falar desse assunto, enquanto estamos aqui fazendo uma coisa bacana", disse a fonte à época.

Estadão
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