Há mais de 24h na fila, paisagista faz aniversário em posto
'Vou esperar um pouco mais', diz paulistano; 'não adianta sair pra trabalhar, melhor esperar', afirma operador de áudio
Zelito Jose completou 58 anos na segunda-feira, 28, na fila de um posto de gasolina. Ele encostou o carro cedo no posto e marcou a festa com a família para esta terça, 29. Acontece que, 26 horas depois, ele ainda está por lá.
"Minha família estava preparando a festa e como entrei cedo na fila e não tinha gasolina, deixamos para festejar hoje. Vou esperar até as 17h", diz. Além de perder a festa, com apenas 30% de gasolina no tanque, ele, que trabalha com paisagismo, também estima ter perdido R$ 400 sem os dois dias de trabalho.
Na segunda, o operador de áudio Adriano dos Santos chegou ao posto Shell localizado na esquina da Avenida Professor Celestino Bourroul com a Marginal Tietê na esperança de conseguir ao menos um pouco do combustível que tinha chegado escoltado pela polícia às 3h da manhã. O combustível, no entanto, acabou às 11h e ele ficou só com o que ainda tinha e desde então está lá no posto, à espera da chegada de mais um caminhão. "Não adianta sair pra trabalhar porque se eu tiver de ir para algum longe eu não volto. Melhor esperar", diz.
Além dos dois, o motoboy Alfredo Abido, de 55 anos, está desde às 8h30 da manhã de segunda-feira, 28, na mesma fila para abastecer. "Trabalho há 31 anos e nunca vi greve assim. O povo precisa trabalhar. Quem está deixando mulher e filho sozinho em casa somos nós", diz.
Não há previsão para novo abastecimento no posto, informou a gerente do posto, Mara Grecco. Segundo ela, o pedido de escolta para os caminhões levarem combustíveis é feito diretamente pela distribuidora e eles não sabem se estão nessa lista dos 30 postos que receberão ajuda da Polícia ou não. Desde o início da greve, o posto só foi abastecido uma vez.
greve também afetou o trabalho de fiscalização dos postos de combustíveis pela ANP. Em dias normais, é feita a análise do que é vendido na bomba, mas sem combustível, o trabalho de avaliar a qualidade do material está atípico. Segundo os especialistas em regulação de Petróleo e Derivados, Ari Dantas e Jorge Daroz, nos últimos foram encontrados poucos postos funcionando normalmente e só resta avaliar se o posto está regular ou não e informar se há previsão de novo abastecimento.
A fiscalização também está sendo feita acompanhada da polícia para evitar que haja confusão em caso de suspensão da venda do combustível irregular.
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