Haddad atribui alta do dólar a 'ruídos' e diz que câmbio deve se acomodar com decisão sobre gastos
Ministro voltou a defender que governo precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o País está atingindo; segundo ele, decisão de intervir no câmbio cabe ao BC
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o patamar do câmbio deve se acomodar à medida que os processos de decisão sobre gastos do governo forem concluídos.
"Creio que vai acomodar, porque na hora que esse processo se desdobrar, isso tende a reverter (alta do dólar)", disse a jornalistas ao deixar a sede da Pasta na noite desta segunda-feira, 1º. As declarações vieram na esteira de um dia difícil no mercado, quando tanto o dólar como as taxas futuras renovaram máximas, respondendo a um cenário de mais cautela no exterior e de piora em relação ao risco fiscal.
As falas do ministro sinalizam, segundo o próprio, uma mudança na forma de comunicação do governo, algo que foi detectado por ele mesmo como uma das razões para a escalada do dólar.
"Apesar da desvalorização ter acontecido no mundo todo, de uma maneira geral, aqui aconteceu uma coisa que foi maior do que nos nossos pares. Atribuí isso a muitos ruídos. Eu já falei isso no Conselhão, precisamos comunicar melhor os resultados econômicos que o País está atingindo", afirmou.
Haddad afirmou que a mudança de comunicação inclui a avaliação do governo em relação ao recém-encerrado primeiro semestre. Ele destacou que a arrecadação do mês de junho ficou acima do esperado pela Receita Federal, por exemplo, e que está otimista em relação aos demais resultados, apesar de reveses sofridos pelo governo, como a manutenção da desoneração da folha de pagamento, ou os impactos da tragédia no Rio Grande do Sul sobre a economia e as contas da União.
Questionado sobre a necessidade de intervenção no câmbio, Haddad frisou que essa é uma atribuição da autoridade monetária, e não da Fazenda. "Eles lá é que sabem quando e como fazer, é um assunto que cabe a eles decidir. Sempre é possível (intervir no câmbio), porque está na governança do Banco Central agir quando necessário. Se vai ser necessário ou não, compete à diretoria do BC julgar", declarou.