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Haddad confirma manutenção de meta de inflação de 3% em 2024

Ministro ainda voltou a defender que o ano-calendário não seja a referência para o Banco Central atingir a meta

29 jun 2023 - 07h34
(atualizado às 09h44)
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Fernando Haddad
Fernando Haddad
Foto: Adriano Machado

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou na noite de quarta-feira, 28, que o centro da meta de inflação para 2024 será mantido em 3%, mas sinalizou a intenção de alterar, na reunião desta quinta-feira, 29, do CMN, o horizonte para se atingir o objetivo.

Em entrevista à jornalista Miriam Leitão, da GloboNews, Haddad voltou a defender que o ano-calendário não seja a referência para o Banco Central atingir a meta de inflação, mas sim que haja uma meta contínua, a ser perseguida ao longo dos anos.

"Ano que vem a meta de inflação já está definida", disse Haddad, ao ser questionado sobre se o Conselho Monetário Nacional (CMN) mudaria o objetivo originalmente estabelecido, de 3%.

"O que venho defendendo já há algum tempo... Só dois países que adotam metas de inflação adotam ano calendário. E isso causa uma pressão desnecessária", disse o ministro.

Haddad disse que em outros momentos da história as metas de inflação foram alteradas no Brasil, mas de forma desnecessária, já que a dinâmica atual não permite que o BC fuja do ano-calendário.

O ministro evitou falar diretamente do voto a ser dado por ele na reunião do CMN -- que inclui ainda o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet --, mas pontuou que o colegiado já realizou debates anteriores sobre as perspectivas do Brasil para depois de 2026.

Questionado sobre a tensão existente entre o BC e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que tem criticado a postura dura de Campos Neto em relação à taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano, Haddad voltou a defender o direito de se discutir o atual nível dos juros.

Haddad também se disse a favor do uso de modelos e pesquisas econômicas para avaliar o cenário, mas defendeu que "nada substitui uma tomada de decisão política".

O comentário de Haddad surge em um momento em que o governo e parte do mercado financeiro têm criticado a postura "hawkish" (dura) da cúpula do BC no que diz respeito ao controle inflacionário.

As críticas se intensificaram a partir da quarta-feira da semana passada, quando o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) não passou indicações claras de que o BC poderia iniciar o processo de cortes da Selic em agosto.

A ata do Copom, divulgada na quarta-feira pela manhã, corrigiu em parte esta percepção, ao citar diretamente a possibilidade de corte em agosto.

Reforma tributária

O ministro da Fazenda também contestou, durante a entrevista, a avaliação de que o setor de serviços vá pagar mais impostos caso a reforma tributária seja aprovada no Congresso.

Haddad pontuou que a maior parte do setor de serviços já paga impostos por meio do Super Simples, que será mantido, incluindo categorias como as de médicos e advogados.

"Outra grande parte é saúde e educação, que recebem tratamentos específicos (na proposta)", disse.

Questionado sobre o prazo longo para que a reforma tributária seja de fato implementada no Brasil, considerando os períodos de transição previstos no texto, Haddad argumentou que o país vive uma "democracia".

"Até os beneficiários de uma reforma querem uma transição mais longa. Setores que vão se reacomodar querem transição mais longa", pontuou.

O ministro afirmou ainda que os parlamentares estão dispostos a aprovar a reforma tributária.

"Está todo mundo disposto a aprovar esta reforma. Se houver razoabilidade, a gente aprova esta reforma se não na semana que vem, na próxima", disse.

Em outro momento da entrevista, Haddad voltou a defender que a renovação do benefício de desoneração da folha de pagamentos para 17 setores seja discutida em um segundo momento, após a reforma tributária. "Vou continuar apelando na Câmara para que isso tenha o tempo certo", disse Haddad.

Compra de veículos

Haddad também afirmou que o governo está discutindo a prorrogação do prazo do programa para compra de veículos. Segundo ele, o governo não esperava que as pessoas físicas fossem esgotar tão rapidamente o crédito para aquisição de carros, antes mesmo que começasse o prazo para compra por parte de empresas.

"Estamos discutindo a prorrogação para veículos aberta para empresas, porque isso eventualmente afeta as montadoras", disse o ministro, ao ser questionado sobre ao anúncio da quarta-feira da Volkswagen, que decidiu suspender a produção nas fábricas brasileiras.

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