Haddad critica forma como pacote foi recebido e diz que medidas são suficientes no momento
Em evento nesta quarta-feira, 4, o ministro não descartou a possibilidade de mais ações caso necessário
(Reuters) -O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez nesta quarta-feira críticas à forma como parte do mercado financeiro recebeu o pacote fiscal lançado na semana passada e disse que as medidas anunciadas são suficientes para o momento, sem descartar a possibilidade de mais ações caso necessário.
Durante evento do agência Jota em Brasília, Haddad disse que é preciso fazer uma distinção entre o setor de intermediação financeira e o mercado financeiro propriamente dito, que segundo ele é representado por fundos de gestão de patrimônio "dos ricos".
Conforme Haddad, pessoas ligadas à intermediação financeira dizem que o pacote do governo está sendo subestimado. O ministro afirmou ainda que o mercado tem "toda legitimidade" para criticar, mas que o "filme é melhor que a fotografia".
"Não me parece que medidas de contenção de gastos são irrelevantes, como alguns querem fazer parecer", afirmou.
Na semana passada o governo anunciou um corte de 71,9 bilhões de reais em despesas em dois anos, acompanhado de uma proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais por mês.
Desde então o mal-estar causado pela proposta de isenção fez o dólar disparar para acima dos 6,05 reais e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) superarem 14% em vários vencimentos.
No evento desta quarta-feira, Haddad defendeu novamente as medidas de contenção de gastos e disse que, se for preciso, novas soluções podem ser buscadas para equilibrar as contas públicas.
"Mas entendo que as medidas anunciadas são suficientes para o momento", disse Haddad.
O ministro reforçou ainda que a reforma da renda proposta, que prevê isenção de IR para quem ganha até 5 mil reais por mês, é neutra sob o ponto de fiscal.
O pacote anunciado na semana passada previa que, para compensar a isenção, será cobrado mais imposto de quem ganha mais de 50 mil reais por mês, além de outras medidas.
REFORMA TRIBUTÁRIA
Haddad disse ainda que "tudo leva a crer" que o Senado votará a regulamentação da reforma tributária na próxima semana, deixando para a Câmara concluir a votação no começo de 2025.