Haddad diz que Campos Neto reagiu com "pouquíssimas ressalvas" a novo arcabouço fiscal
Ministro da Fazenda afirmou que presidente do Banco Central fez poucas críticas a nova regra fiscal, em substituição ao teto de gastos
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez poucas críticas ao arcabouço fiscal ao ser apresentado à proposta do governo e ponderou que a tramitação da nova regra no Congresso Nacional deverá minimizar "ruídos" entre as autoridades econômicas.
"Ele foi apresentado ao arcabouço. Reagiu a ele com pouquíssimas ressalvas e muito próximo daquilo que nós conversamos. Portanto, eu penso que, quando o texto for entregue ao Congresso Nacional, também esse tipo de ruído vai desaparecer do cenário", disse Haddad em entrevista a jornalistas na sede da Fazenda em São Paulo, ao ser questionado sobre a reação de Campos Neto à nova âncora fiscal.
Na quinta-feira, Campos Neto afirmou que, quando o BC tomou conhecimento das regras gerais do arcabouço, ainda antes de o governo fixar os seus parâmetros, a regra pareceu "bastante razoável", mas ele frisou não conhecer ainda os detalhes da proposição.
Segundo o ministro, a recepção à proposta no geral foi positiva, mas ainda há pontos a serem ajustados, uma vez que a regra seria apenas "o começo de um trabalho de recuperação das contas públicas para ampliar o nosso horizonte de planejamento e investimento".
Haddad também negou acreditar que a tramitação da medida no Congresso possa sofrer problemas em meio ao impasse entre Câmara e Senado em torno das regras de avaliação das medidas provisórias.
"O problema que está acontecendo ali diz respeito às medidas provisórias. Aqui nós estamos falando de lei complementar, tudo isso está fora do jogo. Outra coisa que nós podemos fazer é mandar leis com pedido de urgência constitucional, com que também não há polêmica entre Câmara e Senado", afirmou.
"PLANO SAFRA" PARA A INDÚSTRIA
Após reunião com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, o ministro destacou que a reforma tributária que será apresentada ao Congresso vai ao encontro de interesses da indústria e afirmou haver discussões sobre um programa para o setor nos moldes do Plano Safra.
"Estão começando a se desenhar alguns programas voltados para isso, com a transparência que tem o Plano Safra, que é a rubrica orçamentária, com tudo transparente, com atendimento universal, tanto para o pequeno produtor quanto para o grande produtor. Isso está começando a ser discutido, obviamente."