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Haddad diz que mercado precisa ter 'calma' com indicações na Fazenda

Futuro ministro da Fazenda afirmou que espera poder combinar a política fiscal e monetária para fazer com que o País cresça

14 dez 2022 - 18h07
(atualizado às 18h22)
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Fernando Haddad (PT-SP), futuro ministro da Fazenda de Luiz Inácio Lula da Silva, já escalou pelo menos dois técnicos para a sua equipe
Fernando Haddad (PT-SP), futuro ministro da Fazenda de Luiz Inácio Lula da Silva, já escalou pelo menos dois técnicos para a sua equipe
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou nesta quarta-feira, 14, a reação negativa do mercado ao anúncio de seu nome para a pasta, na última sexta-feira, 9. Para o petista, a piora dos ativos respondeu a uma falta de conhecimento dos agentes sobre o seu nome e a sua visão sobre a economia.

Em entrevista à GloboNews, ele aproveitou um questionamento sobre o tema para ironizar a visão do mercado, citando o livro O Sistema Soviético e a sua Decadência, publicado por ele em 1992 e crítico ao sistema do país. "O sujeito lá, da Faria Lima, deve ter lido o título e começou a comprar dólar e vender ação. Vai perder dinheiro, leia o livro", afirmou.

O futuro ministro disse ainda que é necessário ter um pouco mais de "calma" nas reações do mercado. "Ouve a pessoa, vê o plano de trabalho, espera a posse, sabe? Não é assim que funcionam as coisas", afirmou.

Haddad também afirmou estar "quase 100% dedicado a montar equipe [da Fazenda] e a negociações para PEC da Transição. Na semana que vem, se não estiver com equipe 100% concluída, estarei quase".

Dizendo que gosta de trabalhar com profissionais experientes e com currículo forte, ele disse que os economistas Persio Arida e André Lara Resende podem compor o Conselho do Ministério da Fazenda. "Eles dão o melhor de si, porque torcem pelo País." Haddad disse que criará uma espécie de conselho, com o qual se reunirá periodicamente. "Tenho minhas opiniões e minha maneira de ver a economia, mas gosto de ouvir muito. Gostaria muito de manter a interlocução com ex-ministros ou ex-presidentes do BC."

Ele afirmou que não vê "como petistas" o futuro secretário executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, ou Bernard Appy, que ocupará uma secretaria especial para a reforma tributária. "De jeito nenhum", enfatizou. Ele lembrou que Galípolo ajudou na campanha, assim como Persio Arida, no segundo turno. Questionado se o economista e secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Felipe Salto, fará parte da pasta, o futuro ministro não respondeu.

Tentando demonstrar abertura ao diálogo com economistas e políticos de partidos variados, Haddad lembrou que trabalhou com "vários tucanos" no ministério da Educação.

Política fiscal e monetária

O futuro ministro da Fazenda afirmou ainda que espera poder combinar a política fiscal e monetária para fazer com que o País cresça e que que Luiz Inácio Lula da Silva será o primeiro presidente eleito que não nomeará um presidente do Banco Central no início do seu mandato, devido à aprovação da lei que assegura autonomia formal para a autarquia.

Apesar desse quadro, ele lembrou que teve um almoço "muito proveitoso" na terça com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, para conversar sobre a relação entre a Fazenda e a autoridade monetária. Mais cedo, o futuro ministro afirmou que o ideal seria conseguir levar a taxa Selic ao nível de um dígito para que o País possa "deslanchar", mas notou que isso depende tanto da sua pasta quanto da autoridade monetária.

Estadão
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