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Haddad espera que famílias migrem para dívidas com juros mais baixos

Em entrevista à RedeTV!, o ministro disse, entre outros temas, que o debate sobre economia precisa ter 'menos influência das ideologias' e que resultados positivos alcançados no passado se deveram à venda 'criminosa' da Eletrobras e à 'dilapidação' da Petrobras

31 jan 2025 - 01h21
(atualizado às 02h08)
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que, para combater o alto nível de endividamento das famílias, é preciso resolver a questão das taxas de juros praticadas pelos bancos. Com uma inflação anual de cerca de 5%, as instituições chegam a cobrar esse mesmo porcentual ao mês, em juros. "Ninguém consegue (pagar as dívidas)", afirmou Haddad, em entrevista à RedeTV! levada ao ar no final da noite desta quinta-feira, 30.

O ministro disse ainda que é preciso "humildade" e "honestidade" para evitar erros e para que a discussão sobre a economia tenha menos influência das ideologias e seja mais aderente aos fatos e, subindo o tom, chegou a dizer que resultados fiscais positivos alcançados no passado se deveram à venda "criminosa" da Eletrobras e à "dilapidação" da Petrobras.

Haddad afirmou que, diferentemente da percepção do mercado, o governo se preocupa em cortar gastos "como atividade rotineira" e que antecessores no cargo, "embora bem-vistos pelo mercado financeiro", não conseguiram obter superávits sustentáveis.

O endividamento da população

Programas criados pelo governo, como o Desenrola, ajudam a equacionar o problema, mas a subida da taxa básica de juros gera preocupação, segundo Haddad. "O aumento da taxa Selic não precisa chegar ao consumidor. Se nós tivermos dispositivos de fazer o juro final cair, a Selic pode subir e, o spread (a diferença entre quanto custa o crédito para o banco e quanto custa para o cliente) pode cair, compensando o aumento da Selic", disse o ministro. "Como as famílias já têm uma dívida, nós queremos fazê-las migrar de uma dívida com juros altos para uma dívida com juros baixos."

O ministro também falou sobre os gastos do governo, que ao preocupar o mercado acabam se refletindo na própria Selic. Ele afirmou que a revisão de gastos e do Orçamento de uma forma geral é uma atividade "rotineira" na pasta e também no Ministério do Planejamento e Orçamento. Ele afirmou que os técnicos do governo levam ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um "cardápio" de medidas que podem ser adotadas para garantir o equilíbrio fiscal.

Haddad disse que ministros que o antecederam, embora elogiados pelo mercado, não conseguiram produzir superávits 'sustentáveis'
Haddad disse que ministros que o antecederam, embora elogiados pelo mercado, não conseguiram produzir superávits 'sustentáveis'
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

O ministro lembrou que algumas medidas de controle fiscal enviadas ao Congresso pelo governo Lula não foram aprovadas, o que, segundo ele, impediu o governo de chegar ao superávit fiscal já em 2024.

"Não vejo nenhum desses economistas que falam nos jornais dizendo que, se algumas medidas provisórias que mexiam com privilégio setorial tivessem sido aprovadas, teríamos alcançado superávit", afirmou.

'O maestro da orquestra'

Ao falar sobre as soluções propostas pelo governo para garantir o equilíbrio fiscal, Haddad se referiu ao presidente Lula como o "maestro da orquestra", que tem a função de organizar o time.

"É um equívoco imaginar que um presidente possa se abster de opinar sobre o que é justo. Existem várias formas de organizar as contas públicas", disse.

Na área econômica, muitas vezes o caminho "mais longo" é o mais sustentável, segundo ministro. Em outros governos, o Ministério da Fazenda tinha "licença para matar", o que não é algo positivo, na visão de Haddad.

O atual governo optou por "atacar privilégios" para ajustar as contas, em vez de adotar o caminho "muito fácil" de lançar medidas como o congelamento do salário mínimo, segundo o ministro. A correção do piso só pela inflação resultou em 33 milhões de pessoas passando fome, de acordo com Haddad.

Em relação à avaliação da sua gestão à frente da Fazenda até aqui, Haddad disse que recebe críticas "equilibradas", tanto do PT quanto de outros agentes, como o mercado financeiro.

"A vida de ministro da Fazenda nunca vai ser leve", afirmou Haddad, que avalia que receber críticas dos dois lados significa que o governo busca o equilíbrio.

'Alguém que come com garfo e faca'

Questionado sobre um eventual pedido de Lula para ser candidato à Presidência, Haddad disse que "não tem o 2026 em mente" e que o Brasil não pode se dar ao luxo de esquecer de uma figura como a do atual presidente.

Para Haddad, a extrema direita "se firmou no mundo" e deverá estar presente com força nas próximas eleições, ainda que na figura de "alguém que come com garfo e faca".

A regulação das big techs

O ministro da Fazenda reiterou que o governo brasileiro pretende fazer parte do arranjo global para a regulamentação das grandes empresas de tecnologia, as chamadas big techs.

"Há um desequilíbrio que precisa ser regulado pelo Estado", disse.

As discussões no âmbito internacional estão centradas em um regra de concorrência de mercado e outra sobre a tributação dos grupos multinacionais. A respeito da concorrência, Haddad disse que o pequeno empresário não pode ser prejudicado e as big techs precisam operar em condições de igualdade com outros agentes, o que resultaria em benefícios para aqueles que dependem das plataformas digitais para tocar seus negócios.

Haddad fez referência a quem precisa, por exemplo, usar as redes para vender produtos. "Não podemos deixar o pequeno empresário brasileiro com regras não competitivas para big techs, que estão tarifando os seus colaboradores de uma forma cada vez mais perniciosa."

A autonomia do Banco Central

Haddad disse que o Banco Central é formado por pessoas de "alta competência", o que não as impede de cometer erros.

"Não existe essa fantasia de imaginar de porque o BC é autônomo ele não erra. O Banco Central pode errar, a Fazenda pode errar, o mercado pode errar. Isso a história demonstra", afirmou Haddad.

A relação com o Congresso

O ministro disse ter estabelecido nos últimos dois anos uma "relação excelente" com o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e com o senador Davi Alcolumbre (União-AP), que devem assumir as presidências da Câmara e do Senado nos próximos dias.

Haddad afirmou que se encontrava frequentemente com Motta antes mesmo de o parlamentar despontar como favorito à sucessão de Arthur Lira (PP-AL). "Não teve mês que eu não almocei com o deputado Hugo Motta", afirmou. Motta, segundo o ministro, "é muito interessado" na pauta econômica.

Já Alcolumbre, com quem jantou nesta semana, demonstrou interesse em impulsionar "uma agenda econômica forte", segundo o ministro. Na semana passada, Haddad apresentou uma lista de 25 prioridades da agenda econômica para 2025 e 2026 durante a primeira reunião ministerial do ano. Entre elas, está a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil.

Estadão
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