HSBC ajudou clientes a sonegar impostos
Segundo investigação batizada de Swissleaks, filial suíça do banco favoreceu clientes em mais de 200 países. Instituição alega ter realizado transformação radical nos últimos anos para evitar evasão fiscal.
A filial suíça do banco britânico HSBC Private Bank ajudou clientes ricos a sonegar milhões de dólares em impostos, de acordo com documentos confidenciais divulgados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) neste domingo (08/02).
A investigação sobre o esquema, batizada de Swissleaks, revela documentos fornecidos por um ex-funcionário do HSBC em Genebra ao governo francês em 2007. O jornal francês Le Monde teve acesso a parte da documentação e compartilhou-a com o ICIJ. As informações obtidas pelo consórcio foram analisadas por mais de 45 veículos internacionais, incluindo os britânicos BBC e The Guardian e o alemão Süddeutsche Zeitung.
Segundo a investigação, o banco ajudou clientes em mais de 200 países a sonegar impostos. O HSBC teria garantido a seus clientes que nunca revelaria qualquer detalhe sobre contas bancárias às autoridades fiscais dos respectivos países, mesmo que houvesse indício de evasão fiscal.
"Os funcionários do banco também discutiam com clientes um conjunto de medidas ao qual, em último caso, estes poderiam recorrer para evitar o pagamento de impostos em seus países", lê-se na documentação divulgada.
O ICIJ publicou informações sobre 61 pessoas, incluindo políticos como Mohammed 6º, rei do Marrocos, e Abdullah 2º, rei da Jordânia. Também foram citadas celebridades, como o motociclista italiano Valentino Rossi e o ator americano Christian Slater.
Entre os clientes do banco estariam ainda pessoas próximas a regimes antidemocráticos como o do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, do ex-presidente tunisino Zine El Abidine Ben Ali e do presidente sírio Bashar al-Assad, e vários clientes apontados pela Organização das Nações Unidas como ligados ao tráfico de armas, à corrupção e a outros crimes, segundo o ICIJ.
Nesta segunda-feira, a filial suíça do banco afirmou que passou por uma grande reforma nos últimos anos para contornar o problema. "O HSBC na Suíça deu início a uma transformação radical em 2008, para evitar que seus serviços sejam usados para sonegar impostos ou para lavagem de dinheiro", disse Franco Morra, chefe da filial suíça, à agência de notícias AFP.
A chefe do Comitê de Contas Públicas do Parlamento britânico, Margareth Hodge, disse à BCC nesta segunda-feira que Stephen Green, ex-diretor executivo do HSBC, deverá ser interrogado. Ou ele "estava dormindo no ponto, ou sabia e, portanto, estava a envolvido nas práticas fiscais desonestas", disse Hodge.