Iberdrola investirá 4,5 bi de euros em redes elétricas no Brasil
A gigante espanhola de energia renovável Iberdrola definiu nesta quinta-feira planos de investimentos de 41 bilhões de euros (44,83 bilhões de dólares) nos próximos três anos, com foco em redes elétricas, a exemplo da rival italiana Enel, à medida que o setor busca melhores retornos.
A maior utility da Europa em valor de mercado incluiu em seu novo plano 21,5 bilhões de euros para investimentos na divisão de redes de distribuição e transmissão de energia nos Estados Unidos, Reino Unido, Brasil e Espanha.
O Brasil, onde a Iberdrola atua meio da controlada Neoenergia, receberá 21% dos valores reservados para o segmento de redes, ou 4,51 bilhões de euros, conforme apresentação realizada nesta quinta-feira.
O novo plano se baseia em uma mudança estratégica anunciada em 2022, quando a Iberdrola disse que adotaria uma abordagem mais seletiva para projetos de energia renovável. A Enel tomou medida semelhante no final do ano passado.
O anúncio contempla investimentos de 36 bilhões de euros por parte do grupo Iberdrola até 2026, somados a outros 5 bilhões de euros que virão de parceiros.
O investimento vem em um momento de crescente preocupação com a resiliência de ativos de distribuição e transmissão no país, após eventos climáticos extremos com forte impacto nas redes terem causado interrupções no fornecimento de energia aos consumidores.
Em alguns casos, os trabalhos para recomposição total dos serviços se estenderam por mais de uma semana. Mas os ativos da Neoenergia foram menos impactados pelos eventos no final do ano passado, sem grandes efeitos para os seus clientes, com exceção de casos na Elektro.
A Neoenergia é uma das maiores elétricas integradas do mercado brasileiro, com atuação em todos os grandes segmentos do setor. Em distribuição, opera cinco concessionárias: Coelba (BA), Cosern (RN), Elektro (SP/MS), Neoenergia Pernambuco e Neoenergia Brasília. Em transmissão, o grupo tem uma parceria com o GIC, fundo soberano de Cingapura.
Já as energias renováveis receberão cerca de 15,5 bilhões de euros, incluindo 5 bilhões de euros provenientes de parceiros.
A Iberdrola espera que seu lucro líquido cresça para entre 5,6 bilhões de euros e 5,8 bilhões de euros em 2026, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização é esperado entre 16,5 bilhões de euros e 17 bilhões de euros.
Os acionistas deverão receber 11 bilhões de euros até 2026, já que os dividendos crescerão de acordo com o lucro líquido. Ao final do plano, os dividendos deverão ficar entre 0,61 e 0,66 euro por ação, com um piso de 0,55 euro.
"Nossa estratégia se concentrará na entrega de redes reforçadas para garantir a segurança do fornecimento, representando agora 60% do nosso investimento total, bem como uma forte expansão da capacidade de energias renováveis, impulsionada pela substituição de tecnologias fósseis e pela demanda adicional", disse o presidente executivo Ignacio Sanchez Galan.
"Também reconhecemos um papel crescente das tecnologias de armazenamento."