Ibovespa avança com aval de Wall Street
O Ibovespa avançava mais de 1% nesta quarta-feira, flertando com os 121 mil pontos, favorecido pelo viés positivo nas bolsas norte-americanas e declínio nos rendimentos dos Treasuries, enquanto agentes financeiros repercutiam dados de preços ao consumidor dos Estados Unidos.
Por volta de 10h40, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 1,19%, a 120.715,55 pontos, tendo alcançado 121.064,43 na máxima até o momento. O volume financeiro somava 5,3 bilhões de reais, em pregão também marcado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa na B3.
Nos Estados Unidos, o Departamento do Trabalho divulgou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) aumentou 0,4% no mês passado, após alta de 0,3% em novembro, com a taxa em 12 meses até dezembro ficando em 2,9%, de 2,7% em novembro. Economistas previram avanços de 0,3% e 2,9%, respectivamente.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, porém, o chamado núcleo do CPI subiu 0,2%, após acréscimo de 0,3% por quatro meses consecutivos, o que fez com que, em 12 meses, o núcleo mostrasse alta de 3,2%, de 3,3% em novembro.
De acordo com a ferramenta FedWatch, da CME, a chance de o Federal Reserve não mudar a taxa de juros na reunião de 28 e 29 de janeiro permaneceu em 97%. Mas, olhando para o ano, o mercado antecipou para junho, de julho, sua visão de que as taxas fiquem na área de 4,00% a 4,25%, da faixa atual de 4,25% a 4,50%.
Em Nova York, o S&P 500 avançava 1,24%, com resultados de bancos como JPMorgan, Citi e Goldman Sachs também ocupando as atenções. O rendimento do título de 10 anos do Tesouro norte-americano caía a 4,6612%, de 4,788% na véspera.
Apesar do sinal positivo prevalecer na B3 na sessão, estrategistas continuam revisando suas previsões o desempenho do Ibovespa no ano, citando condições financeiras mais apertadas e potenciais efeitos nos resultados das companhias entre os argumentos.
No final da terça-feira, a equipe do Safra enviou relatório a clientes cortando suas estimativa para o Ibovespa em 2025 para 141.500 pontos, citando o aumento do protecionismo e menor corte de juros nos EUA, incertezas fiscais locais, desancoragem das expectativas de inflação e o ciclo de aperto da Selic.
DESTAQUES
- MAGAZINE LUIZA ON valorizava-se 7,61%, em sessão positiva para ações de empresas de setores cíclicos, ajudadas pelo relativo alívio nas taxas dos DIs. ASSAÍ ON subia 3,15%, também se recuperando da fraqueza da véspera, quando fechou em queda de mais de 2%. O índice do setor de consumo tinha elevação de 1,67%.
- MARCOPOLO PN mostrava elevação de 5,4%. Analistas do BTG Pactual afirmaram que a ação ainda é negociada com um valuation, "inegavelmente barato". E reiteraram recomendação de compra, citando disciplina de capital e a capacidade aprimorada da nova gestão, bem como exposição cambial favorável e um balanço patrimonial quase "líquido de caixa".
- ITAÚ UNIBANCO PN mostrava acréscimo de 2,36%, com os bancos também beneficiados pelo viés comprador, tendo ainda no radar números de seus pares norte-americanos do quarto trimestre, entre eles JPMorgan, Citi e Goldman Sachs. BRADESCO PN subia 1,75%, BANCO DO BRASIL ON ganhava 1,18% e SANTANDER BRASIL UNIT avançava 1,08%.
- VALE ON avançava 0,21%, favorecida pela alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 0,71%, a 782,5 iuanes (106,73 dólares) a tonelada, depois de atingir o maior valor desde 2 de janeiro, a 787,5 iuanes a tonelada, no início da sessão.
- PETROBRAS PN subia 0,3%, também apoiada pelo aumento dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent era transacionado a 80,51 dólares, em alta de 0,74%.
- B3 ON avançava 3,24%, respondendo por um suporte relevante para o Ibovespa, com agentes financeiros repercutindo dados operacionais de dezembro divulgados pela empresa de infraestrutura de mercado na véspera. Analistas do Santander também elevaram o preço-alvo dos papéis de 14 para 15 reais e reiteraram recomendação "outperform" para as ações.
- SUZANO ON cedia 1,51% e KLABIN UNIT perdia 2,07%, entre as poucas quedas do Ibovespa, tendo como pano de fundo a queda do dólar ante o real.
- RUMO ON recuava 0,06%, reduzindo as perdas após cair 2,6% no pior momento, marcando uma mínima intradia desde fevereiro de 2023. Analistas do Goldman Sachs cortaram a recomendação dos papéis da operadora ferroviária para "neutra" e reduziram o preço-alvo das ações de 25 para 20,50 reais. Entre os argumentos, citaram uma desaceleração do ímpeto em 2025.
- GOL PN, que não está no Ibovespa, avançava 4,29% após anunciar um plano revisado, considerando o dólar a 6,04 reais e estima alcançar alavancagem de 2,7 vezes até o final de 2027 e de 1,9 vez até o final de 2029. Investidores também seguem atentos às conversas da Abra, controladora da Gol, com a Azul. AZUL PN subia 1,92%.
- XP, que é negociada nos EUA, subia 3%, acompanhando o clima mais comprado. Analistas do Santander, porém, cortaram a recomendação dos papéis para "neutra", bem como o preço-alvo de 33 para 13 dólares, citando o cenário de taxas de juros mais elevadas no Brasil.