Ibovespa avança com Vale e exportadoras, mas receio fiscal e Treasuries pesam
O Ibovespa fechou com uma alta modesta nesta quarta-feira, sustentada pelo desempenho de Vale e outras exportadoras na esteira do avanço do dólar, enquanto o efeito de receios fiscais e da alta dos rendimentos dos Treasuries na curva de juros pressionou ações de empresas sensíveis à economia doméstica.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com um acréscimo de 0,25%, a 122.641,3 pontos, perto da máxima da sessão (122.701,2 pontos), após recuar a 121.402,00 pontos no pior momento. O volume financeiro somou apenas 19,3 bilhões de reais.
De acordo com o chefe da EQI Research, Luís Moran, a bolsa paulista continua com um volume fraco, então qualquer movimento maior acaba fazendo preço -- como foi o caso do efeito da alta do dólar em exportadoras nesta sessão. A divisa fechou com alta de 1,18% ante o real.
Ele destacou que para a bolsa deslanchar é necessário existir fluxo de recursos, principalmente de estrangeiros. Mas para isso ocorrer, acrescentou, o Federal Reserve precisa cortar juros. "Nós estamos meio que nesse limbo", afirmou.
De acordo com dados da B3, o saldo de capital externo na B3 em junho está negativo em 4,7 bilhões de reais. No ano, as vendas superam as compras em 40,6 bilhões de reais.
Declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na parte da manhã tampouco ajudaram a estimular compras, uma vez que foram interpretadas no mercado como uma resistência a corte de gastos pelo governo, em meio a um cenário fiscal já complicado no país. E a pauta do dia reforçou esse quadro difícil.
O governo central -- que compreende as contas de Tesouro, Banco Central e Previdência Social -- registrou déficit primário de 60,983 bilhões de reais em maio, maior do que o saldo negativo de 45,014 bilhões de reais no mesmo mês do ano passado e da expectativa de analistas (-54,2 bilhões de reais).
O IPCA-15 de junho ficou abaixo do esperado, com alta de 0,39% em relação ao mês anterior, um alívio após subir 0,44% em maio. Mas acabou ficando em segundo plano, com economistas avaliando que o dado não muda expectativas de inflação para o ano e nem para as próximas decisões do BC para a Selic.
A alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos foi mais um componente negativo ao pregão brasileiro, com o Treasury de 10 anos marcando 4,3216% no final da tarde, de 4,238% na véspera. As bolsas em Nova York, por sua vez, fecharam no azul.
DESTAQUES
- VALE ON avançou 1,24%, apoiada pela alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 3,4%, a 826 iuanes (113,67 dólares) a tonelada, seu nível mais alto desde 21 de junho. O avanço do dólar ante o real era mais um componente benigno.
- SUZANO ON valorizou-se 2,23%, favorecida pela alta de mais de 1% do dólar frente ao real. Também no radar estava o anúncio de que as operações de sua nova fábrica de celulose no Mato Grosso do Sul, conhecida como Projeto Cerrado, iniciarão ao longo do mês de julho -- e não mais junho como previsto anteriormente. KLABIN UNIT subiu 1,02%.
- MRV&CO ON caiu 3,44%, em dia negativo para ações de empresas sensíveis a juros diante do avanço nas taxas dos DI na esteira de receios fiscais e avanço nos yields dos Treasuries. O índice do setor imobiliário cedeu 0,61%, enquanto o do setor de consumo perdeu 0,07%. AZUL PN, afetada ainda pela alta do dólar e do petróleo, recuou 5,56%.
- ITAÚ UNIBANCO PN fechou em baixa de 0,18%, tendo ainda como pano de fundo dados sobre crédito divulgados pelo BC, com queda nas concessões de financiamentos com recursos livres, de 0,1%, enquanto a inadimplência nesse segmento, aumentou de 4,5% para 4,6%. BRADESCO subiu 0,24%, mas BANCO DO BRASIL ON cedeu 0,67% e SANTANDER BRASIL UNIT recuou 1,29%.
- PETROBRAS PN terminou com variação positiva de 0,16%, em dia sem tendência única para os preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent fechou em alta de 0,28%. Fontes afirmaram à Reuters que os três indicados para a diretoria da estatal pela CEO, Magda Chambriard, devem ter seus nomes aprovados na próxima reunião do conselho de administração, na sexta-feira.