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Ibovespa cai 2% e marca mínima desde junho após pacote fiscal desapontar

28 nov 2024 - 18h09
(atualizado às 18h51)
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O Ibovespa caiu mais de 2% nesta quinta-feira, marcando uma mínima de fechamento desde meados do ano, refletindo a reação negativa de agentes financeiros ao anúncio de medidas fiscais "modestas" pelo governo brasileiro.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 2,4%, a 124.610,41 pontos, menor patamar de fechamento desde 28 de junho, tendo marcado 127.667,73 pontos na máxima e 124.389,63 pontos na mínima do dia.

O volume financeiro somou 27,72 bilhões de reais, acima da média diária do ano, de 23,6 bilhões de reais, e da média do mês, de 26,5 bilhões de reais, mesmo com a ausência de negócios em Wall Street em razão de feriado nos Estados Unidos.

"O governo anunciou um pacote complexo, mas modesto, de medidas fiscais", afirmou o diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs. "O pacote não é ambicioso, nem está alinhado com o que o cenário macro atual exige."

O governo detalhou nesta quinta-feira seu pacote fiscal prometido a semanas e esboçado na véspera, argumentando que as medidas assegurarão a estabilidade do arcabouço fiscal ao trazer uma economia de 71,9 bilhões de reais nos próximos dois anos, com impacto estimado de 327 bilhões de reais até 2030.

As medidas também incluíram mudanças no imposto de renda, com a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda da pessoa física e taxação maior para quem ganha mais.

O dólar ultrapassou os 6 reais pela primeira vez na história em termos nominais e as taxas dos contratos de DI dispararam, o que reverberou na bolsa, pressionando papéis sensíveis à economia doméstica e endossando ações de exportadores.

De acordo com o analista Gabriel Mollo, da Daycoval Corretora, o pacote frustrou a expectativa do mercado, que esperava algo melhor, mas percebeu que as medidas não serão suficiente para diminuir a relação dívida/PIB do país.

A reação na bolsa, da taxa de câmbio e na curva futura de juros "demonstra que o mercado não acredita no governo", pontuou Mollo, avaliando que o atual governo perdeu a oportunidade de fazer um bom ajuste fiscal.

DESTAQUES

- MRV&CO ON desabou 14,1%, para uma mínima desde março de 2023, com o setor como um todo minado pela disparada nas taxas dos DIs. O índice do setor imobiliário da B3 caiu 6,58%. No mesmo contexto, o índice do setor de consumo caiu 3,49%.

- CVC BRASIL ON tombou 13,38%, pressionada pelo movimento na curva futura de juros e pela alta do dólar, que fechou o dia a 5,99 reais, em alta de 1,3%. A operadora de turismo fechou recentemente acordo de reperfilamento de dívida, em parte atrelada ao CDI.

- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 3,6%, com o setor como um todo contaminado pelas preocupações com o cenário fiscal brasileiro depois das medidas anunciadas pelo governo. Após o fechamento, o banco anunciou que seu conselho aprovou o pagamento juros sobre o capital próprio de 0,31 real por ação.

- JBS ON avançou 3,35%, apoiada pela alta do dólar ante o real que tende a beneficiar ações de exportadoras. Além disso, o Goldman Sachs elevou o preço-alvo das ações da líder global na produção de carnes para 44 reais, de 42,9 reais anteriormente, mantendo a recomendação de "compra".

- SUZANO ON subiu 3% e KLABIN UNIT valorizou-se 1,97%, também beneficiadas pelo movimento da taxa de câmbio

- VALE ON fechou com decréscimo de 1,03%, em dia de variações modestas dos futuros do minério de ferro na Ásia. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE), na China, encerrou as negociações do dia estável, enquanto o vencimento de referência em Cingapura subiu 0,27%.

- PETROBRAS PN perdeu também 1,03%. A estatal divulgou nesta quinta-feira que vai limitar ao máximo de 50% sua participação em futuras parcerias no segmento de etanol.

- ECORODOVIAS ON, que não está no Ibovespa, desabou 19,79%, após vencer a disputa pela concessão de 92 quilômetros de rodovias que ligam a capital de São Paulo a cidades no oeste da região metropolitana do Estado, com a oferta de outorga de 2,19 bilhões de reais -- ágio de 47.117,67% sobre o valor mínimo.

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