Ibovespa hesita com alta de ações ligadas a commodities, mas Wall St negativo
O Ibovespa operava volátil nesta sexta-feira, com o impulso de ações ligadas a commodities contrabalanceando o sentimento negativo em Wall Street em meio a resultados trimestrais desanimadores de grandes bancos dos Estados Unidos.
Às 11h25, o Ibovespa caía 0,07%, a 127.310,03 pontos, mas a caminho de alta semanal de cerca de 0,4%. O volume financeiro somava 5,3 bilhões de reais.
Em uma semana marcada por dados econômicos relevantes nos EUA, a agenda do dia começou na expectativa pela divulgação de balanços de grandes bancos norte-americanos como Citibank, Wells Fargo e JPMorgan. As leituras, com quedas no lucro ou previsões abaixo do esperado, não agradaram o mercado. O índice de referência S&P recuava 0,77%.
Apesar de um Wall Street negativo, o Ibovespa encontrava suporte na alta de papéis ligados a commodities, com Vale, Prio e Petrobras entre as principais contribuições positivas para o índice, na esteira do avanço nos futuros do minério de ferro na Ásia e nos preços do petróleo no exterior.
Na análise de Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante Investimentos, o movimento dos últimos dias reflete uma tendência mais ampla de estabilidade.
"Se a gente olhar as últimas doze semanas do Ibovespa, é aquele Ibovespa que não foi para lado nenhum", afirmou. "Ficou na média dos 128 mil pontos, hora acima, hora abaixo, porém sem nenhum aspecto positivo de mudança de fato de direção".
De 19 de janeiro até o fechamento de quinta-feira, o índice acumulou declínio modesto de 0,2%. "É um cenário ainda incerto pelo lado fiscal, pelo lado da reforma tributária, pelo lado geopolítico", acrescentou Cozzolino.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN avançava 0,84%, a 39,63 reais, e PETROBRAS ON subia 0,86%, a 40,98 reais, em linha com a alta de mais de 2% nos preços do petróleo no exterior, sem que a decisão de um juiz federal de São Paulo de suspender do cargo o presidente do conselho de administração da Petrobras pesasse sobre o papel. No setor, PRIO ON valorizava-se 3,8%, tendo ainda como pano de fundo decisão arbitral em favor da petrolífera.
- VALE ON avançava 1,28%, a 62,65 reais, seguindo novo avanço nos contratos futuros de minério de ferro, em meio à perspectiva de demanda mais positiva na China, maior mercado consumidor do minério, e à melhora dos fundamentos no curto prazo. O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou a sessão do dia com alta de 3,12%, a 843,5 iuanes (116,57 dólares) a tonelada, o maior valor desde 26 de março. A mineradora também informou nesta sexta-feira que realizou as obras de correção de uma anomalia anteriormente identificada em dispositivo de drenagem da barragem Forquilha III, da mina de Fábrica em Ouro Preto (MG).
- ITAÚ UNIBANCO PN recuava 1,07%, a 32,45 reais, enquanto BRADESCO PN perdia 1,04%, a 14,24 reais, ambos os papéis a caminho de registrar seu terceiro dia consecutivo de queda.
- MULTIPLAN ON perdia 0,2%, a 25,26 reais, apesar de avaliação positiva de analistas do Santander sobre o anúncio da operadora de shopping centers na véspera da venda de um terreno adjacente ao RibeirãoShopping, que abrigará um projeto multiuso a ser desenvolvido por um empreendedor local, pelo valor de 48,4 milhões de reais. Segundo os analistas, o projeto deve aumentar a densidade populacional nos arredores do shopping. O Santander tem preço-alvo de 36 reais para as ações da Multiplan.
- JHSF ON, que não faz parte do Ibovespa, recuava 6,56%, a 4,27 reais. De pano de fundo, há uma ação civil do Ministério Público em Porto Feliz (SP) questionando o fracionamento dos estudos de impactos ambientais dos empreendimentos da incorporadora na região. Segundo o Valor Econômico, o empreendimento Boa Vista Village da companhia foi embargado por liminar do MP, sob principal alegação de que a magnitude do empreendimento não foi considerada na elaboração dos estudos de impacto ambiental durante o licenciamento. A JHSF disse em fato relevante que está atuando para esclarecer o assunto e tomando as medidas cabíveis ao caso.