Ibovespa recua após flertar com 123 mil pontos pressionado por Petrobras
O Ibovespa recuava nesta terça-feira, após avançar em cinco dos últimos seis pregões, tendo flertado com os 123 mil pontos na véspera, enquanto agentes financeiros continuam atentos aos primeiros movimentos do presidente dos Estados Unidos.
Às 11h38, o Ibovespa cedia 0,25%, a 122.550,46 pontos. O volume financeiro somava 3,11 bilhões de reais.
Donald Trump não impôs tarifas comerciais de forma imediata na segunda-feira, quando tomou posse, um dos principais receios nos mercados, mas disse que os EUA receberão "enormes quantias" de rendas provenientes de impostos sobre o comércio exterior.
"Iniciarei imediatamente a revisão de nosso sistema comercial para proteger os trabalhadores e as famílias norte-americanas", disse Trump, que afirmou que está pensando em tarifas em torno de 25% para Canadá e México.
A incerteza política em torno da nova administração, na visão de estrategistas e analistas, deve continuar sendo uma fonte de volatilidade nos mercados.
"Bem-vindo ao Trump 2.0, durante o qual os investidores receberão uma boa dose de adrenalina, volatilidade e imprevisibilidade", afirmou a analista sênior Ipek Ozkardeskaya, do Swissquote Bank, em comentário a clientes nesta terça-feira.
"Nesta manhã, estamos de volta às preocupações com a inflação em razão das ameaças tarifárias."
Nos EUA, as bolsas norte-americanas abriram em alta após feriado na véspera pelo Dia de Martin Luther King Jr., enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro mostravam declínio.
De acordo com analistas do Itaú BBA, o Ibovespa conseguiu sustentar na segunda-feira o movimento positivo observado nos últimos dias e chegou ao patamar de resistência importante dos 123 mil pontos pensando a curto prazo.
"Fazendo uma analogia, o paciente saiu da UTI, foi para o quarto, e apresenta um quadro estável", afirmaram no relatório Diário do Grafista nesta terça-feira.
"Se houver continuidade nesta melhora, o paciente já poderá sonhar com a alta do hospital - sair da tendência de baixa fechando acima de 123.000 pontos", calculam, acrescentando que, do lado da baixa, o índice encontrará suporte em 120.400 pontos.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN caía 1,13%, afetada pela queda dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent cedia 1,4%. Na véspera, Trump disse que vai declarar emergência energética nacional, com o objetivo de aumentar a produção de petróleo e gás dos EUA e reduzir os custos aos consumidores. PETROBRAS ON perdia 1,67%.
- BRF ON recuava 7,73% acompanhada de perto pela controlada MARFRIG ON, em queda de 6,29%, em sessão negativa para ações de empresas de proteínas, apesar da leve alta do dólar ante o real. JBS ON era negociada em baixa de 3,5% e MINERVA ON caía 1,41%.
- USIMINAS PNA subia 3,57%, melhor desempenho no setor de mineração e siderurgia no Ibovespa, acompanhada por GERDAU PN, que avançava 1,03% tendo ainda no radar programa de recompra de ações. CSN ON, por sua vez, caía 0,13%, assim como CSN MINERAÇÃO ON, que perdia 0,58%, e VALE ON, que era negociada em baixa de 0,85%, apesar da alta dos futuros do minério de ferro na China.
- VIBRA ON valorizava-se 2,09%, buscando um segundo fechamento no azul seguido, após tocar na véspera uma mínima intradia desde setembro de 2023. Citando dados preliminares da ANP sobre a distribuição de combustíveis em janeiro, analistas do Citi avaliaram que Vibra apresentou o pior desempenho entre as três principais distribuidoras do país. RAÍZEN PN cedia 2,59%. ULTRA ON subia 0,68%.
- ITAÚ UNIBANCO PN tinha variação negativa de 0,06%, em dia de variações modestas de bancos do Ibovespa. BANCO DO BRASIL ON subia 0,28%, SANTANDER BRASIL UNIT avançava 0,04% e BRADESCO PN operava estável. Analistas aguardam números de modo geral ainda positivos sobre o quarto trimestre no setor, mas veem um cenário mais difícil para 2025.