Ibovespa recua puxado por bancos e pressão do exterior
A bolsa paulista recuou nesta quinta-feira, retornando ao patamar de 102 mil pontos, contaminada pelo viés negativo em praças acionárias no exterior, com o setor bancário liderando a queda do índice após divulgação do balanço trimestral do Bradesco.
O Ibovespa caiu 1,41%, a 102.654,58 pontos. O volume financeiro somou 17,44 bilhões de reais.
Os mercados internacionais se decepcionaram após o BCE manter nesta quinta-feira os juros inalterados, enquanto pediu à sua equipe que avalie várias outras opções de afrouxamento da política monetária, incluindo a retomada das compras de ativos.
Em seu discurso, contudo, Mario Draghi, indicou que não houve discussão sobre possibilidade de corte já nessa reunião, mostrando que o comitê vê menos urgência no ajuste da política monetária do que o mercado, destacou o estrategista Felipe Sichel, do modalmais, em nota a clientes.
Na Europa, o FTSEurofirst 300 cedeu 0,5%, enquanto, em Wall Street, o S&P 500 perdeu 0,52%.
No cenário nacional, a temporada de divulgação de balanços do segundo trimestre segue influenciando a movimentação do mercado, com Ambev e GPA como raros destaques positivos na sessão, após registrarem resultados sólidos.
DESTAQUES
- BRADESCO PN despencou 5,8%, mesmo após a alta robusta do lucro no segundo trimestre, bem como a maior rentabilidade em 16 trimestres. Apesar disso, um gestor ouvido pela Reuters disse que a receita de tarifas e despesas surpreenderam negativamente, enquanto a desaceleração da carteira também chamou atenção. "Como as expectativas eram que esse resultado fosse o melhor do setor, a ação acaba sofrendo bastante", disse. Para a equipe do BTG Pactual, onde importa mais, os números foram bons.
- ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 3,1%, contaminado pelo desempenho do rival, enquanto BANCO DO BRASIL cedeu 4,2%. SANTANDER BRASIL recuou 2%.
- PETROBRAS PN perdeu 1,7%, apesar da alta dos preços do petróleo no mercado externo, também pressionando o Ibovespa. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou nesta quinta-feira que a companhia forneça combustível a navios iranianos que estão parados na costa brasileira à espera de abastecimento desde o início de junho, segundo documento da decisão judicial visto pela Reuters. A Petrobras havia se negado a fornecer o combustível a dois navios de bandeira do Irã, alegando que as embarcações estavam na lista de sanções dos Estados Unidos.
- AMBEV saltou 8,5%, após a fabricante brasileira de bebidas elevar lucro líquido do segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2018, apoiada principalmente na redução de despesas financeiras. Analistas do Credit Suisse destacaram que a companhia superou as expectativas, com boa qualidade.
- GPA valorizou-se 5,6%, tendo de pano de fundo lucro líquido consolidado aos acionistas controladores de 432 milhões de reais no segundo trimestre, superando previsões de analistas, mas também anúncio de que começou os preparativos para entrar no Novo Mercado, o segmento com regras mais elevadas de governança da B3. Como parte do processo, as ações preferenciais do GPA serão convertidas em ordinárias, na proporção de uma para uma.
- VALE caiu 0,3%, mesmo com os futuros do minério de ferro na China revertendo perdas iniciais e fechando em alta nesta quinta-feira, no primeiro avanço em quatro sessões.
- CEMIG PN perdeu 1,1%. A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram nesta quinta-feira uma segunda fase da operação que investiga possíveis desvios de recursos da estatal por meio da controlada de geração eólica Renova Energia.