Ibovespa sobe com ajustes após tombo na véspera; Automob dispara quase 40%
O Ibovespa avançava nesta quinta-feira, com movimentos técnicos e busca por barganhas ancorando uma pausa na pressão vendedora que derrubou as ações brasileiras na véspera, com os papéis da Automob e da Hapvida entre os destaques positivos.
Por volta de 11h10, o Ibovespa subia 0,61%, a 121.509,51 pontos. O volume financeiro somava 3,49 bilhões de reais.
Na quarta-feira, o Ibovespa fechou com um tombo de mais de 3%, no pior desempenho em dois anos, reflexo de preocupações persistentes sobre o cenário fiscal no país e sinalização de menos cortes de juros nos Estados Unidos.
Investidores permanecem atentos ao noticiário envolvendo a tramitação do pacote fiscal no Congresso Nacional nesta sessão, conforme se aproxima o começo do recesso parlamentar, bem como ao movimento do dólar e das taxas dos contratos de DIs.
A Câmara dos Deputados concluiu na véspera a votação de projeto que impõe travas para o crescimento de despesas com pessoal e incentivos tributários se houver déficit primário, tema encarado como prioritário pelo governo no esforço fiscal.
Mas adiou para esta quinta-feira a votação da proposta de emenda à Constituição que restringe o acesso ao abono salarial, que faz parte do pacote de cortes de gastos.
Na visão de estrategistas do Santander no Brasil chefiados por Aline Cardoso, os ativos brasileiros estão subvalorizados no curto prazo, mas será desafiador reverter essa tendência negativa sem medidas governamentais decisivas.
Eles citaram que a economia brasileira está enfrentando desafios significativos, incluindo uma piora na situação fiscal, altas expectativas de inflação e uma moeda em desvalorização.
Ao mesmo tempo, acrescentaram, o recente pacote de corte de gastos foi visto como insuficiente para estabilizar a trajetória da dívida em relação ao PIB e uma proposta para mudar tributação sobre renda adicionou complexidade à perspectiva fiscal.
Em resposta a esses desafios, o Banco Central aumentou a Selic em 1 ponto percentual e previu mais dois aumentos nas próximas duas reuniões, o que pode ajudar a controlar as expectativas de inflação e conter a desvalorização da moeda.
No entanto, citaram os estrategistas, isso pode ter efeitos negativos para as ações brasileiras, incluindo atividade econômica mais lenta, redução de despesas de capital e maiores dificuldades financeiras para empresas altamente alavancadas.
"Como resultado, prevemos uma fraqueza contínua dos preços dos ativos locais em 2025, interrompida por breves altas e períodos de estabilização", afirmaram em relatório a clientes.
Eles notaram que clientes institucionais locais estão se preparando para potenciais saídas de capital por meio da criação de reservas de caixa, e que estrangeiros também estão hesitantes devido ao cenário externo desfavorável para emergentes.
DESTAQUES
- AUTOMOB ON saltava 37,14%, retomando o sinal positivo após o ajuste negativo da véspera (-0,26%), enquanto agentes seguem reprecificando o preço das ações que estrearam na bolsa nessa semana. A companhia nasceu da fusão da Vamos Concessionárias - cindida da Vamos Locação - com a Automob, ambas sob o controle da Simpar. A Automob também disse na véspera que a Fourth Sail Capital alcançou uma participação de 6,99% na companhia.
- HAPVDIA ON subia 6,13%, buscando uma recuperação após quatro quedas seguidas, período em que acumulou declínio de quase 21,5%, com as últimas duas sessões pressionadas particularmente por receios envolvendo propostas de regras para reajustes dos planos anunciadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Entre as novas regras propostas, não será permitida a acumulação de índices financeiro e por sinistralidade para cálculos de reajuste.
- MAGAZINE LUIZA ON ganhava 3,27%, também refletindo ajustes depois de cinco sessões consecutivas no vermelho, tendo acumulado nesse intervalo um tombo de 27%. Papéis sensíveis à economia doméstica ou com níveis elevados de endividamento -- ou os dois -- têm sido penalizados na bolsa paulista com a disparada nas taxas dos DIs, em parte determinada pela aflição com o cenário fiscal no país. Perspectivas de que a Selic subirá ainda mais também pesam nesses papéis. O índice do setor de consumo subia 0,87%.
- PETRORECONCAVO ON valorizava-se 2,06% após acordo que envolve a compra de 50% da infraestrutura de escoamento e processamento de gás natural na Bacia Potiguar da Brava Energia, além de compromissos de suprimento de gás entre as empresas. O valor da transação é de 65 milhões de dólares e prevê pagamento de 35% na assinatura e o restante no fechamento do negócio. BRAVA ENERGIA ON subia 0,65%. Analistas do Safra avaliaram que o "tão esperado acordo" é positivo para ambas as companhias.
- WEG ON avançava 2,75%, tendo no radar anúncio da empresa de que investirá 28 milhões de euros em uma nova fábrica na Turquia, visando atender à demanda do mercado de redutores e aumentar sua capacidade em componentes. Apesar de considerar o desembolso pequeno, analistas do BTG Pactual avaliaram positivamente a decisão, citando que expande a presença internacional da companhia e aprimora o seu portfólio ao permitir a oferta de pacotes integrados de automação industrial na Turquia, entre outros benefícios.
- MRV&CO ON recuava 3,42%, após divulgar que a sua subsidiária norte-americana, Resia, deu início ao seu plano de desinvestimento e desalavancagem com a venda do terreno Marvid, localizado no Texas, por 7,5 milhões de dólares. As ações do setor permanecem fragilizadas pelo ambiente de juros mais altos no país. O índice do setor imobiliário, que inclui ainda papéis de shopping centers, subia 0,1%.
- IGUATEMI UNIT caía 0,28%, tendo também no radar memorando de entendimentos vinculante para comprar participações nos shoppings Pátio Higienópolis e Pátio Paulista, na cidade de São Paulo, por cerca de 2,59 bilhões de reais. Nos termos do memorando, 70% do preço total serão pagos à vista, no fechamento da transação, e o restante em duas parcelas anuais iguais corrigidas pelo CDI. Para analistas do Itaú BBA, embora tal "overhang" tenha ficado finalmente para trás, a operação implica potencial aumento na alavancagem.
- PETROBRAS PN subia 0,96%, tendo como pano de fundo sinal positivo nos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent mostrava acréscimo de apenas 0,45%.
- VALE ON cedia 0,42%, enfraquecida pela trajetória dos preços futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com queda de 1,08%.
- ITAÚ UNIBANCO PN avançava 1,1% em dia mais positivo para os bancos do Ibovespa, com BANCO DO BRASIL ON também em alta, de 0,97%, assim como BRADESCO PN e SANTANDER BRASIL UNIT, com acréscimos de 0,17% e 0,08%, respectivamente.