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Imposto de Renda: Haddad diz que já apresentou a Lula 'cenários' da reforma

Questionado sobre as decisões de juros que ocorrerão na quarta-feira no Brasil e nos EUA, ministro diz que descompasso dos bancos centrais no mundo dificulta a política de juros

16 set 2024 - 22h41
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SÃO PAULO E BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira, 16, que já apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva "cenários" da reforma do Imposto de Renda. Caberá ao chefe do Executivo, emendou Haddad, decidir o melhor momento de encaminhar a proposta ao Legislativo. O ministro também comentou a relação com o Banco Central (BC) e a expectativa em relação ao juro (leia mais abaixo).

"Do ponto de vista técnico, os cenários (para a mudança no IR) estão elaborados. Do ponto de vista político, é uma questão que envolve outros ministérios, além do Ministério da Fazenda. Estamos discutindo internamente", declarou Haddad em cerimônia de premiação do jornal Valor Econômico a empresas que se destacaram pelo desempenho financeiro e por práticas de sustentabilidade.

O ministro afirmou que gostaria de chegar ao fim do ano comemorando a regulamentação da reforma da tributação do consumo, que cria o imposto sobre valor agregado, o IVA, até porque, com isso, haveria mais tempo para discutir a reforma da renda, ainda não encaminhada ao Congresso.

'Do ponto de vista técnico, os cenários estão elaborados. Do ponto de vista político, é uma questão que envolve outros ministérios', diz Haddad a respeito dos esboços de reforma do IR apresentados a Lula
'Do ponto de vista técnico, os cenários estão elaborados. Do ponto de vista político, é uma questão que envolve outros ministérios', diz Haddad a respeito dos esboços de reforma do IR apresentados a Lula
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

O fim da regulamentação do consumo, ressaltou Haddad, está mais nas mãos das duas casas legislativas do que do Executivo. "Seria uma pena não aprovar este ano", comentou o ministro, lembrando do esforço feito não apenas pelo ministério, que elaborou dois projetos de lei complementares na regulamentação, mas também dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para a aprovação da emenda constitucional.

Relação com o Banco Central

Sobre o tema da política monetária, o ministro admitiu que o governo comete erros tanto de comunicação quanto na relação com o BC. Ele ponderou que os acertos têm sido maiores do que os erros, apontando as revisões que têm sido feitas para cima no mercado sobre o crescimento econômico.

Haddad reconheceu que, por vezes, o governo erra na relação com o BC. "O melhor é acertar mais do que errar, acho que estamos acertando muito mais do que errando", comentou Haddad, afirmando que também há erros do lado do BC.

"Às vezes, o próprio Banco Central pode provocar um distúrbio, porque ali são humanos também, podem errar na comunicação, provocar um distúrbio imprevisto, que às vezes precisa ser corrigido com o tempo."

O ministro da Fazenda frisou que, mesmo com as surpresas no crescimento, o País não vive um descontrole inflacionário. Ao tratar da desvalorização cambial, ele pontuou que o mundo todo teve um repique no câmbio.

A expectativa para a quarta-feira

Ao ser questionado sobre as decisões de juros que acontecerão na quarta-feira, 18, no Brasil e nos Estados Unidos, Haddad avaliou que houve um descompasso dos bancos centrais no mundo. Ele lembrou que, após o mercado prever o início dos cortes de juros nos Estados Unidos em junho, a comunicação, que julgou como "torta" do Federal Reserve, levou muitos investidores a imaginar que a instituição subiria sua taxa.

As incertezas sobre os Fed Funds, disse Haddad, complicaram a situação no Brasil, contribuindo a uma série de desancoragens com a meta de inflação. Com a perspectiva de cortes de juros pelo Fed (o banco central americano), juntando-se ao Banco Central Europeu (BCE), o ministro entende que está acontecendo uma recoordenação dos bancos centrais. "Essas considerações que o Banco Central (do Brasil) terá de levar em conta para a tomar decisão", comentou Haddad, ao abordar a reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom).

Estadão
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