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Imprensa estrangeira destaca “triste história” de Eike

Bloomberg afirmou que a recuperação judicial da petroleira culmina com o fim de um processo de 16 meses de declínio

31 out 2013 - 07h58
(atualizado às 09h20)
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<p>Foto de arquivo de Eike Batista, em Beverly Hills, nos Estados Unidos, durante conferência em abril de 2012</p>
Foto de arquivo de Eike Batista, em Beverly Hills, nos Estados Unidos, durante conferência em abril de 2012
Foto: Fred Prouser / Reuters

Os veículos de comunicação internacionais destacaram o pedido de recuperação judicial da OGX como um teste para o mercado da América Latina e como o maior processo desse tipo na região. A agência de notícias Bloomberg afirmou que a recuperação judicial da petroleira culmina com o fim de um processo de 16 meses de declínio que levaram US$ 30 bilhões da fortuna pessoal de Eike Batista. “Você precisa entregar e ele (Eike) não fez isso”, disse um investidor à agência.

A Bloomberg explicou trajetória do empresário como um empreendedor que aproveitou o apetite dos investidores na década passada por commodities e lançou seis empresas para captar esse fluxo de capitais. Porém, quando Eike perdeu a confiança do mercado, tentou vender partes dessas empresas para se salvar. O fim do processo foi a tentativa de recuperação e a mudança da sede da EBX de um prédio de 23 andares para escritórios menores no Rio.

O inglês Financial Times reportou a visão de responsáveis por fundos de investimentos nos Estados Unidos, que chamaram o processo de “uma história triste”. Na opinião de outro investidor, o mercado já entendeu que a derrocada é pontual e focada somente na empresa de Eike Batista e que não irá respingar em outras companhias da região.

O The New York Times narrou a trajetória de Eike como alguém famoso por seus planos de construir um império de empresas de energia, minérios e logística, mas que nenhum desses empreendimentos conseguiu se tornar lucrativo. O jornal americano classificou a recuperação judicial da OGX como o maior calote da história na América Latina.

As publicações ainda deram destaque para o fato de fundos de investimento americanos como o Pimco – o maior do mundo de investimento em títulos de dívida –, a Pacific Investment Management e o BlackRock são sócios de Eike na petroleira.

A endividada petroleira OGX, do empresário Eike Batista, pediu recuperação judicial na 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro nesta quarta-feira. A empresa declarou passivo consolidado de R$ 11,2 bilhões no pedido de recuperação judicial, segundo a fonte, que pediu para não ser identificada.

A revista Forbes, que já teve Eike Batista no topo do seu ranking, ocupando a sétima posição, afirmou que ele estava sofrendo e sofrendo ações pelos acionistas minoritários da OGX, que está sendo acusada de divulgar dados falsos sobre as suas empresas, que estariam sofrendo investigação juntamente com a Comissão de valores Imobiliários (CVM). “Sua fortuna pessoal foi dizimada pela queda espetacular nos preços das ações de suas empresas, passando de US$ 30 bilhões para menos de US$ 1 bilhão”, completa a publicação.

Entenda o 'calote' da petrolífera de Eike

O empresário Eike Batista entrou nesta quarta-feira com pedido de recuperação judicial de sua petroleira, a OGX. Cnsiderada pelo próprio Eike como um de seus projetos “a prova de idiotas”, a companhia agora vai ganhar uma “trégua” de até 180 dias para se mostrar capaz de resolver os problemas ou terá que decretar falência.

Com o anúncio do não pagamento das parcelas de juros remuneratórios no valor aproximado de US$ 45 milhões no final de setembro, a saída para a OGX passou a ser a recuperação judicial. O pedido deveria ser realizado até o último dia do mês de outubro.

Com o anúncio do calote no pagamento dos juros, as ações da petroleira passaram o mês de outubro sendo negociadas pelos menores valores desde que passaram a fazer parte da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Nesta quarta, as ações da empresa caíram mais 26,09% e fecharam a R$ 0,17 - 99,26% menos que a cotação máxima que os papéis já atingiram (R$ 23,28).

Em setembro, quando o fim da empresa já parecia iminente, o empresário ainda se recusava a assumir a culpa pelo fracasso da OGX. Em entrevista ao The Wall Street Journal, ele afirmou que foi enganado por seus ex-executivos, o qual costumava a chamar de "Dream Team" (time dos sonhos), e disse ainda que seu mapa astral não o favorecia durante o anúncio de que a OGX não conseguiria produzir o que havia prometido e que até mesmo seus investidores o abandonaram muito rápido. Apesar da crise, dono do grupo EBX disse que voltará a ganhar dinheiro com suas empresas.

Recuperação judicial

Eike não admitiu que tinha conhecimento que seus campos não teriam a produção anunciada na prospecção de investidores de 2008 a 2010 – de cerca de 40 mil barris por dia – e afirmou que foi enganado pelos executivos, que apresentaram relatórios de progresso nas operações a fim de que ele os pagasse bônus. Segundo ele, por ser dono de uma grande empresa ele não tinha o conhecimento técnico para analisar o que era repassado a ele nos relatórios.

Otimista, o empresário reiterou que suas empresas eram realmente "à prova de idiotas", pois conseguiu vender o controle acionário de diversas delas, mesmo em um momento de "mercado louco".

Vantagens da recuperação judicial

A vantagem da recuperação judicial é que ela faz com que todos os processos de execução contra a empresa fiquem parados pelo prazo legal de seis meses e que a mesma continue produzindo e, nesse período, tente se reerguer.

De acordo com informações da Agência Nacional de Petróleo (ANP), as operações da OGX continuam mesmo com a iminente recuperação judicial.  “O pedido de recuperação judicial só culmina na resolução dos contratos quando houver inadimplemento absoluto do concessionário nos termos da cláusula”.

Início da queda

Em 2012, a derrocada da empresa transpareceu quando a OGX rebaixou a projeção de produção de barris diários nos blocos de Tubarão Azul, na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. O campo, que deverá interromper suas operações no ano que vem, era o único produtor de petróleo da empresa. Inicialmente, a companhia previa reservas de até 110 milhões de barris no local, mas até maio deste ano só tinha produzido 10 mil.

No ano de 2013, Eike perdeu a colocação que tinha na Forbes (passou da 8º para a centésima posição no ranking dos mais ricos) e amargou um prejuízo de R$ 1,2 bilhão na OGX, 135% maior na comparação com o ano anterior. Ele começou então a vender parte das operações da petroleira. Segundo a agência de notícias Bloomberg, Batista, depois da crise, deixou de ser bilionário e agora teria menos de US$ 500 milhões líquidos (R$ 1,1 bilhão), segundo estimativa da publicação.

Em crise, a OGX não produziu nenhum barril de petróleo em agosto nem em setembro. Segundo informações da Reuters, nos dois últimos meses, toda a produção da companhia, de 13,2 mil barris de óleo equivalente (BOE) por dia, ficou restrita ao campo de Gavião Real, na Bacia do Parnaíba, no Maranhão, mas apenas de gás natural. Não houve produção no campo de Tubarão Azul, na bacia de Campos, o único da OGX em atividade no mar. A produção de petróleo estava parada devido a danos nas bombas centrífugas submersas, de acordo com comunicado da empresa.

A queda da OGX deve levar para baixou outras empresas “irmãs” do grupo EBX. Pelo menos a A construtora de navios OSX, muito dependente das demandas geradas pelas plataformas da OGX, deve sofrer em conjunto após o pedido de recuperação judicial da petroleira.

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Fonte: Terra
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