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Incluído entre economias frágeis, Brasil deve ter 2014 difícil

Brasil, Índia, Indonésia, África do Sul e Turquia devem ser as economias mais afetadas com a retirada de estímulos e fuga de capitais para os Estados Unidos

1 fev 2014 - 09h00
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Ainda em 2013, de olho na retirada de estímulos econômicos por parte do banco central americano (FED), o Morgan Stanley identificou os cinco países que mais sofreriam com o movimento de valorização do dólar: Brasil, Índia, Indonésia, África do Sul e Turquia. Os chamados “cinco frágeis”, em tradução livre, têm como principal característica comum a dependência econômica de investimentos estrangeiros. No início deste ano, o Goldman Sachs chegou a recomendar que os países mais ricos cortassem um terço de suas aplicações nestes países.

Na avaliação do Morgan Stanley, fatores sazonais como a inflação podem ter impactos significativos sobre a moeda brasileira no médio prazo, assim como um possível enfraquecimento do posicionamento externo do País. O aumento da inflação, por exemplo, deve prejudicar a competitividade. E a apreciação real ameaça agravar os desequilíbrios externos das economias que já passam por esse problema, de acordo com o relatório.

Na visão do professor de economia internacional do Ibmec, Reginaldo Nogueira, uma das primeiras dificuldades enfrentadas pelos cinco países será a fase de retirada de investimento estrangeiro. Como consequência de um dólar mais caro, essas economias poderão enfrentar a desvalorização de suas moedas. Nogueira aponta riscos como alta inflação, diminuição do salário real e impacto sobre os balanços das empresas e do governo.

Como pano de fundo, somam-se aos riscos apontados pelo estudo, o calendário eleitoral dessas regiões. Para o Morgan Stanley, as eleições aumentam as possibilidades de que reformas importantes fiquem em segundo plano, diminuindo as perspectivas de uma recuperação significativa da moeda. Um corte da fatia de crédito até agora disponível para consumo e possíveis protestos na Copa do Mundo deste ano também estão contra perspectivas positivas para o Brasil.

Para o professor de economia da Universidade de São, Paulo Roberto Feldmann, o momento pode ser visto como uma oportunidade para que o Brasil olhe com mais atenção para o seu parque industrial.

“Com o real mais fraco, a indústria pode voltar a ser competitiva, oferecer produtos a um preço menor e poderemos deixar para trás o foco na venda de commodities”, diz. Segundo Feldmann, esse movimento pode acelerar uma mudança no perfil comercial do País. “A manufatura já representou 25% do PIB (Produto Interno Bruto), hoje batemos apenas os 11%.”

De acordo com o professor da escola de administração de empresa da Fundação Getúlio Vargas, Evaldo Alves, a China, por exemplo, não deve sofrer tanto por conta da vinculação de sua moeda ao dólar. No Brasil, as exportações irão bem, com destaque para o setor de autopeças, que irá trabalhar com preços menores. Para os turistas brasileiros, a situação ficará mais complicada com preços de viagens, hospedagem e alimentação mais altos. Alves vê a questão como mais um fator de dificuldade para o crescimento do Brasil durante todo este ano.

Fonte: Terra
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