Indústria recua 3,2% em 2014, pior resultado em 5 anos
Desempenho da produção industrial é o pior desde 2009, auge da crise financeira, quando houve queda de 7,1%
A produção industrial brasileira fechou 2014 com queda de 3,2%, com debilidade em todas as categorias, no pior resultado em cinco anos, após cair em dezembro mais do que o esperado, destacando as dificuldades do setor para se recuperar neste ano.
O Instituto Brasileiro de Geografia a Estatística (IBGE) informou nesta terça-feira que a produção recuou 2,8% em dezembro sobre novembro, quando a queda foi de 1,1% em número revisado de recuo de 0,7%.
Na comparação com um ano antes, a produção teve queda de 2,7% em dezembro, o décimo resultado negativo seguido.
Com isso, o setor reverteu o avanço de 2,1% registrado em 2013 e registrou o pior resultado desde a queda de 7,1% vista em 2009, auge da crise internacional.
A expectativa de analistas em pesquisa da Reuters era de que a produção industrial recuasse 2,5% em dezembro sobre o mês anterior e 2,4% na comparação com um ano antes.
Veículos
De acordo com o IBGE, a categoria com pior desempenho tanto no ano quanto em dezembro foi a de Bens de Capital, medida de investimento. Somente no mês passado ela registrou recuo de 23% sobre novembro, acumulando queda de 9,6% entre janeiro e dezembro pressionada principalmente pelo recuo na fabricação de equipamentos de transporte (-16,6%).
Já os Bens de Consumo Duráveis tiveram queda de 2,2% na produção em dezembro sobre o mês anterior, chegando a uma perda de 9,2% no ano passado com destaque para a redução na fabricação de automóveis (-14,6%) no período.
Dos 24 ramos pesquisados, 17 apresentaram queda na comparação mensal, sendo as principais influências negativas veículos automotores, reboques e carrocerias (-5,8%), máquinas e equipamentos (-8,2%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,5%).
Já no ano o ramo com maior impacto negativo foi o de veículos automotores, reboques e carrocerias, com queda de 16,8%.
A indústria foi uma das maiores fontes de fraqueza da economia brasileira no ano passado, e continua enfrentando dificuldades neste início de ano diante do ambiente de inflação e juros elevados, que encarece os empréstimos, além da baixa confiança de empresários.
As projeções de economistas na pesquisa Focus do Banco Central para o setor em 2015 vêm caindo, e a estimativa agora é de crescimento de apenas 0,5%, com a economia como um todo estagnada.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) aponta que o setor iniciou 2015 com alguma força ao crescer em janeiro ao ritmo mais forte em um ano, mas o Markit, que compila a pesquisa, ressaltou que a melhora foi apenas modesta e abaixo da média de longo prazo.
A recuperação da confiança é um dos principais objetivos do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que vem buscando colocar as contas públicas em ordem.