Indústria traça estratégia para eletrificar e tornar veículos sustentáveis
Algumas empresas, como a Stellantis, apostam no modelo híbrido, enquanto a GM prefere investir tudo nos elétricos
Os caminhos escolhidos para se chegar à almejada eletrificação das frotas de veículos varia de acordo com a estratégia de cada empresa do setor. Como no Brasil o etanol tem um peso importante no mercado (por volta de 30% dos motoristas de carros leves flex optam por esse combustível), essa rota tem embaralhado um pouco os planos de negócios a longo prazo.
No caso específico dos automóveis, a Stellantis, por exemplo, acaba de deixar claro qual é o seu plano. A empresa apresentou ao mercado no início do mês sua tecnologia Bio-Hybrid, que combina energia térmica flex e eletrificação, como explicou, durante o Estadão Summit Indústria Automotiva 2023, Antonio Filosa, presidente da companhia para a América do Sul. "Vamos potencializar as virtudes do etanol como combustível renovável", afirma o executivo. As ferramentas fazem parte do plano da empresa de reduzir as emissões da porta para dentro em até 50% até 2030.
A GM, porém, tem uma estratégia diferente. A gigante americana quer investir de forma maciça na eletrificação de seus veículos, deixando a questão da hibridização um pouco de lado.
"Pela perspectiva da convergência global e potencial futuro de exportação da indústria nacional é indiscutível que o EV (carro elétrico) é a melhor solução", diz Elbi Kremer, diretor de Engenharia e Planejamento de Produto da GM América do Sul, em comunicado recente da companhia. Segundo o executivo, apesar da notabilidade do papel do etanol, o Brasil não pode deixar de buscar alternativas mais eficientes, como o carro elétrico. "O único que não emite gás carbônico ou poluentes por onde roda. Por isso, nem escapamento tem", completa.
Veículos pesados
No caso dos veículos pesados, enquanto o debate é menos intenso no setor de caminhões, apesar de o diesel ser altamente poluente, as frotas de ônibus de algumas cidades brasileiras estão mais "limpas". Um dos motivos dessa mudança é o esforço da Eletra em produzir ônibus 100% nacionais que sejam seguros e eficientes ao mesmo tempo. "Dos 4.150 ônibus (elétricos) que circulam pela América Latina, apenas 380 são daqui, os nossos, produzidos no Brasil. O restante vem da China", afirma Milena Romano, presidente da Eletra.
A executiva explica que a empresa optou por usar em seus veículos uma bateria de lítio-ferro-fosfato que, apesar de ser mais pesada, também é mais segura. "Os veículos da China usam outro tipo, mas que podem causar explosões. Essa que usamos permite montarmos uma autonomia de 260 km/h. Além de o carregamento noturno dela ser de 3 horas", afirma Romano.