Indústria: uso da capacidade instalada cai a 80,7% em maio
Também houve recuo nas horas trabalhadas, que caíram 0,4% no mês
O uso da capacidade instalada na indústria recuou em maio ante abril pela quarta vez consecutiva, ao mesmo tempo em que houve retração na maioria dos indicadores reais, mostrando mais uma vez a dificuldade de retomada do crescimento no setor.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou nesta quinta-feira que a utilização da capacidade instalada na indústria brasileira ficou em 80,7% em maio, segundo números dessazonalizados, ante 80,9% em abril.
As horas trabalhadas na produção caíram 0,4% em maio na comparação com o mês anterior. Já a massa salarial e o rendimento médio recuaram 0,9% e 0,2% em maio, respectivamente. O emprego caiu 0,2% em maio ante abril, o terceiro mês seguido de retração, de acordo com a CNI.
"Já são três meses seguidos em que há retração de todos os indicadores, à exceção do faturamento", afirmou a entidade.
O faturamento real dessazonalizado da indústria apresentou expansão no mês, com um crescimento modesto de 0,3% frente ao mês anterior. Comparando os cinco primeiros meses desse ano com o mesmo período do ano passado, o faturamento real é 0,3% superior, mostrou a CNI.
"Os resultados reforçam a retração na atividade industrial e o mercado de trabalho dando sinais de desaquecimento", disse o economista da entidade, Fábio Guerra.
O gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, atribui a situação da indústria ao cenário de baixa confiança no setor e à baixa competitividade dos produtos brasileiros. "Temos um cenário de confiança muito baixa e isso está se espalhando para a economia", disse.
O setor industrial vem convivendo com níveis bastante baixos de confiança e as perspectivas não indicam melhora. A produção industrial do Brasil em maio registrou a terceira queda seguida, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E esse cenário deve se repetir no mês passado, já o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) indicou que a atividade industrial teve sua terceira contração consecutiva.
Em renovado esforço para tentar contornar o panorama do setor produtivo e impulsioná-lo, o governo anunciou em junho um pacote de medidas para incentivar a indústria e retomar a confiança do empresariado, em sua maioria aperfeiçoadas ou ampliadas.
Entre as medidas, está a permanência das desonerações na folha de pagamento e do programa de incentivo às exportações Reintegra, além da prorrogação do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES até o fim do ano que vem.