Inflação anual da zona do euro bate novo recorde em julho
Preços subiram 8,9%, puxados por energia e alimentos. Economia cresceu 0,7% no segundo trimestre do ano, acima da expectativa, mas região segue com perspectiva de recessão no horizonte.A taxa de inflação anual da zona do euro acelerou em julho em relação a junho e registrou um novo recorde de 8,9%, segundo dados preliminares publicados nesta sexta-feira (29/07) pelo Departamento de Estatísticas da União Europeia (Eurostat).
A inflação na zona do euro vem quebrando seguidos recordes nos últimos meses, devido especialmente ao impacto da guerra na Ucrânia nos preços da energia e dos alimentos. A inflação anual na zona do euro foi de 5,9% em fevereiro, 7,4% em março e abril, 8,1% em maio e 8,6% em junho.
Na semana passada, o Banco Central Europeu promoveu a primeira alta em 11 anos na sua taxa de juros básica, em uma tentativa de conter a alta nos preços, acompanhando movimentos similares feitos por outros bancos centrais. Nesta quinta-feira, o Banco Central dos Estados Unidos (Fed), promoveu a sua quarta alta seguida da taxa de juros básica.
Energia puxa alta
O preço da energia foi o principal fator da inflação anual em julho na zona do euro, embora a inflação anual desse componente isolado tenha desacelerado para 39,6%, depois de atingir 42% em junho.
O preço de alimentos, bebidas alcóolicas e tabaco registrou inflação anual de 9,8% em julho, contra 8,9% em junho, e a inflação dos produtos industriais não energéticos foi de 4,5%, contra 4,3% do mês anterior.
A inflação subjacente, que exclui o preço da energia e dos alimentos frescos devido à sua maior volatilidade, atingiu 5% em julho, 0,4 ponto percentual a mais que em junho. A inflação dos serviços foi de 3,7%, alta de 0,3 ponto percentual em relação ao mês anterior.
Inflação nos países bálticos supera 20%
Os países bálticos registraram os maiores aumentos de preços, com a Estônia à frente (22,7%), seguida pela Letônia (21%) e Lituânia (20,8%).
Também registraram dois dígitos de inflação Eslováquia (12,8%), Eslovênia (11,7%), Holanda (11,6%), Grécia (11,5%), Espanha (10,8%), Chipre (10,6%) e Bélgica (10,4%).
Fora desse grupo, mas com inflação acima da média, estão a Irlanda (9,6%), Portugal (9,4%), Luxemburgo e Áustria (ambos com 9,3%).
Abaixo da média da zona do euro estão a Alemanha (8,5%), Itália (8,4%), Finlândia (7,9%), França (6,8%) e Malta (6,5%).
Economia da zona do euro cresce 0,7%
Apesar da alta da inflação e da incerteza provocada pela guerra na Ucrânia, a economia da zona do euro cresceu 0,7% no segundo trimestre do ano, em relação ao trimestre anterior, segundo dados também divulgados nesta sexta-feira.
A taxa superou as previsões oficiais, que apontavam para crescimento de 0,2%. No primeiro trimestre do ano, a zona do euro havia crescido 0,5% em relação ao trimestre anterior.
Economistas indicaram que a recuperação do setor do turismo foi um dos motivos que explicou o crescimento. A economia da Espanha cresceu 1,1% no trimestre, e a da Itália, 1%. A França cresceu 0,5%, e a Alemanha ficou estagnada.
O comissário da União Europeia para Economia, Paolo Gentiloni, escreveu no Twitter que os números eram uma "boa notícia", mas ponderou que há muita incerteza para os próximos trimestres.
Há cada vez mais economistas estimando que a zona do euro entre em recessão em 2023, e até a Comissão Europeia já considera esse cenário - que poderia ser antecipado para este ano se a Rússia interromper totalmente o fornecimento de gás para os países europeus.
bl/ek (AP, Efe, ots)