Inflação de alimentos: desaceleração contrasta com a realidade dos bares e restaurantes; entenda
Realidade dos estabelecimentos gastronômicos permanece desafiadora mesmo com ritmo de alta mais brando
Os preços de alimentação e bebidas desaceleraram em março pelo segundo mês consecutivo, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento dos preços do grupo foi de 0,53% em março, após o 0,95% de fevereiro. Em janeiro, a alta tinha sido de 1,38%.
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Embora a desaceleração, o grupo de Alimentação foi o de maior impacto para a inflação oficial de março: 0,11 ponto porcentual da taxa de 0,16% do IPCA, ou quase 70% da alta (68,7%). “Problemas relacionados às questões climáticas fizeram os preços dos alimentos, em geral, aumentarem nos últimos meses”, explica o gerente da pesquisa do IBGE, André Almeida.
Mesmo com o ritmo de alta mais brando, conforme registrado em março por parte do grupo de Alimentação, a realidade dos estabelecimentos gastronômicos – bares e restaurantes – permanece desafiadora. Segundo a especialista em negócios gastronômicos Bianca Fraga, a discrepância entre o comportamento do IPCA e a prática dos restaurantes evidencia um panorama econômico complexo para o setor.
A inflação, que acumula alta de 1,42% no ano e de 3,93% nos últimos 12 meses, destaca o grupo de Alimentação e Bebidas como o principal impulsionador dessa variação. No entanto, enquanto os dados apontam para um cenário de controle de preços nos supermercados e estabelecimentos de varejo, a realidade dos restaurantes sugere um quadro distinto.
"Apenas uma fração dos estabelecimentos repassaram os aumentos de custo para os consumidores, evidenciando os desafios enfrentados pelo setor para manter suas margens de lucro em um contexto econômico desafiador", revelou Bianca Fraga, que também é proprietária de dois restaurantes no Rio de Janeiro.
Alimentos que impactaram o IPCA
Dentro do grupo alimentação, a alimentação no domicílio desacelerou de 1,12% em fevereiro para 0,59% em março.
Destacam-se as altas da cebola (14,34%), do tomate (9,85%), do ovo de galinha (4,59%), das frutas (3,75%) e do leite longa vida (2,63%).
A alimentação fora do domicílio (0,35%) também abrandou em relação ao mês anterior (0,49%). Enquanto o lanche avançou de 0,25% para 0,66%, o subitem refeição (0,09%) teve variação inferior à observada no mês de fevereiro (0,67%).
Diante desse cenário, Bianca faz um importante alerta na hora de planejar suas ações para os próximos meses. “Fazer estoque com insumo mais barato não é necessariamente a solução para os problemas. Se você não tiver histórico de venda e capacidade de comercializar um alto fluxo de produtos, pode acabar com bastante dinheiro parado em estoque e devendo juros, multas e cheque especial”, ressalta.