Diferentemente dos planos de previdência privada –
em que o cliente paga uma quantia mensal na
expectativa de receber uma aposentadoria quando
parar de trabalhar –, o seguro de vida busca garantir
que os dependentes não enfrentem problemas
financeiros caso o titular do contrato vier a faltar. Os
dependentes podem ser filhos, netos, mulher, marido
ou qualquer pessoa que o cliente queira indicar.
Nesses planos, paga-se uma quantia mensal
relativamente baixa para que os beneficiários
recebam um montante pré-determinado nos casos
estipulados. A cobertura básica é contra morte
acidental ou natural. Há, no entanto, a possibilidade
de contratar apenas para um desses casos ou de
ampliar para incidentes como invalidez permanente,
doenças graves e gastos hospitalares.
O valor da mensalidade varia de acordo com diversos
motivos, como explica Lauro Vieira de Faria, da
Escola Superior Nacional de Seguros: idade do
segurado, sua saúde e seus hábitos. Quanto maiores
os fatores de risco, maior o desembolso mensal.
A apólice pode especificar situações que excluem o
pagamento de indenização. Entre os casos mais
comuns estão mortes ou acidentes ligados a uso de
álcool e drogas e os decorrentes de atos ou
operações de guerra, rebelião e tumulto. O Código
Civil, no entanto, obriga o pagamento do benefício
para morte ou invalidez relacionada à utilização de
meio de transporte arriscado, prestação de serviço
militar, prática de esporte ou de atos de humanidade
em auxílio de outra pessoa.
Quando o segurado morre ou se acidenta, o fato deve
ser comunicado logo à seguradora. Por lei, as
empresas devem pagar a indenização em 30 dias.
Depois desse período, o valor fica sujeito à correção
monetária.
Foto: Yuri Arcus/Shutterstock
O mercado de seguros no Brasil cresce com o
aquecimento da economia brasileira. Entre 2005 e
2010, a arrecadação das seguradoras quase
dobrou: passou de R$ 66 bilhões para R$ 125
bilhões – um incremento de 89,4%, segundo dados
da Confederação Nacional das Empresas de
Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde
Suplementar e Capitalização. Esse aumento está
ligado à ascensão das classes C e D, que passaram
a consumir mais seguros. Acompanhando essa
tendência, o setor diversificou os produtos,
principalmente para famílias que buscam segurança
no futuro.
Há seguros cuja contratação é individual e outros
em que o contrato é firmado com uma empresa,
embora beneficie pessoas. Estes últimos, de
contratação coletiva, são os que mais oferecem
vantagens, justamente por reunirem um grande
número de segurados, como os seguros saúde e
odontologia empresariais.
Entre os exemplos mais importantes estão
modalidades muito populares, como os seguros de
vida e previdência, de automóvel, residenciais e
outros que ainda ganham espaço no mercado
brasileiro. Veja a seguir detalhes de alguns deles.
Foto: Shutterstock
Uma das funções básicas de um seguro é propiciar
estabilidade econômica, segundo o atuário José
Antônio Lumertz. “Quando faço um contrato, por
exemplo, de um seguro de carro que custa R$ 2 mil
por ano, meu orçamento está definido: sei que não
terei surpresas desagradáveis”, explica.
Lumertz comenta que o melhor seguro para uma
família é aquele que se encaixa no orçamento e no
objetivo de vida dos dependentes. “Seguro mais caro
não é garantia de saúde no futuro. Ele deve ser
adequado ao orçamento, para gerenciamento do
seu próprio risco”, salienta.
Foto: Shutterstock
Com 47,6 milhões de brasileiros (quase 25% da
população) protegidos por um seguro saúde, esse
seguro é o mais popular do Brasil. Um contrato básico
garante atendimento médico-hospitalar para
ocorrências que vão desde resfriados até graves
problemas cardíacos, por exemplo. Normas do
governo controlam o setor e buscam proteger os
usuários, obrigando as operadoras a oferecerem uma
série de serviços. Normalmente, o atendimento é feito
por uma rede credenciada de hospitais, laboratórios e
profissionais, aos quais os segurados têm acesso ao
apresentar sua carteira de identificação.
Quando uma pessoa contrata um seguro saúde,
pode incluir beneficiários, como filhos, cônjuge e
companheiros (algumas operadoras já aceitam
parceiros homossexuais). Nos seguros coletivos,
ligados a empresas ou instituições como sindicatos e
associações, a lei permite a inclusão de familiares até
o terceiro grau de parentesco consanguíneo, até o
segundo grau de parentesco por afinidade e cônjuge
ou companheiro.
A grande maioria dos usuários de seguros saúde
(80%) no Brasil é ligada aos pacotes coletivos, que
costumam ter preços mais baixos, isenção ou redução
dos períodos de carência (tempo de espera para usar
determinados serviços) e permissão para tratar de
doenças pré-existentes.
O valor das mensalidades é estipulado a partir da
faixa etária do contratante. Quanto maior a idade,
mais cara será a taxa cobrada, devido ao aumento no
risco de doenças graves e internações. Portanto, em
seguros familiares, os preços serão variados. Seguros
de saúde de empresas com mais de 100 pessoas
podem oferecer um valor único para todos os
beneficiários, independentemente da faixa etária.
Foto: Sanjay Deva/Shutterstock
O mercado de seguros exclusivamente odontológicos
também é um dos que mais crescem no Brasil. Nos
últimos dez anos, o número de contratos quintuplicou:
de 2,7 milhões de beneficiários em 2000, para mais
de 16 milhões no final de 2011. Uma das razões da
popularidade é o preço menor. As operadoras
trabalham com tabelas únicas, sem diferenciação por
faixa etária, e o custo médio mensal de um contrato
básico varia de R$ 10 a R$ 15, segundo levantamento
feito em 2010 pela Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS).
A assistência odontológica privada pode ser
contratada junto com um seguro básico de saúde ou
separadamente. As regras são similares aos seguros
gerais, assim como as vantagens na participação em
um contrato coletivo.
A lista de coberturas obrigatórias dos seguros
odontológicos inclui mais de 85% dos procedimentos
dentários feitos em consultório, como exames clínicos
e radiológicos e cirurgias ambulatoriais com anestesia
local.
Foto: Shutterstock
O seguro de automóveis, basicamente, protege o
proprietário de danos que possam ocorrer em seu
veículo. A cobertura básica inclui indenizações em
casos de roubos, furtos, incêndios e danos parciais ou
totais; no entanto, não paga despesas a outras
pessoas envolvidas no acidente. Para ampliar os tipos
de riscos cobertos, é preciso contratar serviços
extras, que podem incluir proteção a terceiros,
indenização em caso de roubo de aparelhos de som,
guincho e assistência 24 horas.
O preço de um seguro é influenciado por diversos
fatores, avaliados pela seguradora no questionário de
contratação. Há os fatores de risco, entre os quais se
incluem idade e sexo dos condutores e local em que o
carro geralmente fica estacionado (na rua ou em
garagens). Mulheres costumam pagar menos, pois
são consideradas motoristas mais prudentes.
O modelo do carro também determina o preço pago.
Veículos mais caros ou mais visados pelos ladrões
pagarão mais, assim como automóveis mais antigos,
cujas peças são mais difíceis de encontrar.
No caso de automóveis usados por várias pessoas da
família, é importante estar atento aos membros que
têm menos de 25 anos, principalmente se forem
homens. Esse é o perfil considerado de maior risco
pelas seguradoras. Para evitar problemas, é
aconselhável listar os jovens da família como
motoristas frequentes no questionário. O preço do
seguro pode aumentar, mas ao menos a seguradora
não negará atendimento ou indenização em caso de
acidentes que envolvam essas pessoas.
Se o jovem é o motorista principal do carro,
especialistas aconselham que a apólice do seguro
seja do tipo familiar, com outros membros da família,
como o pai e a mãe, também listados como
motoristas, de modo a diminuir o valor da apólice.
Foto: Shutterstock
O seguro habitacional ou imobiliário é um tipo de
seguro usado em financiamentos de imóveis. Garante
que o valor da casa ou do apartamento será quitado
caso haja morte ou invalidez permanente do
segurado. A família, portanto, não herda a dívida.
Dependendo do tipo de contrato, o imóvel pode ser
reconstruído ou reparado após danos causados por
incêndios, desmoronamentos, inundações, queda de
raio ou outro imprevisto que o mutuário deseje incluir
na apólice.
Esse tipo de contrato vem sendo exigido para
financiamento de imóveis no Brasil, pois protege o
dono do imóvel e as famílias. A parcela do seguro é
paga junto com a prestação mensal do financiamento.
Varia de acordo com o valor do financiamento, o valor
total do imóvel e a idade do segurado (quanto mais
velho, mais alto o preço, porque o risco de morte é
maior). Normalmente, o preço do seguro corresponde
a 2% da mensalidade do financiamento.
Se o segurado morre, a seguradora quita o
financiamento e a família herda o imóvel quitado.
Caso as prestações forem pagas por mais de um
membro da família, o valor recebido será proporcional
àquele com que o mutuário morto arcava. Por
exemplo, se um casal entra como sócio no
financiamento de uma casa e o marido ou a mulher
morre, somente o equivalente ao que o falecido
pagava é quitado. A outra parte continuará sendo
cobrada normalmente.
Foto: Mika Heittola/Shutterstock
O seguro residencial protege exclusivamente a
residência do segurado. Cobre gastos decorrentes de
danos causados por tempestades, inundações e
vendavais. Também prevê proteção contra acidentes,
como incêndios e desmoronamentos.
Com a concorrência, as seguradoras têm oferecido
alguns adicionais. Uma dessas é a proteção contra
furtos e roubos. Para isso, é necessário relacionar
todos os bens da residência, principalmente
eletrodomésticos, eletrônicos e móveis. Para itens
especialmente valiosos, como joias e grandes somas
de dinheiro, especialistas aconselham seguros
específicos. “Se você tem um quadro do Portinari
avaliado em R$ 5 milhões, compensa mais fazer um
seguro específico para o quadro, já que ele vale mais
do que a casa”, comenta o professor Luiz Jurandir
Simões de Araújo, do curso de Atuária da Faculdade
de Economia e Administração da USP.
O seguro residencial também pode cobrir gastos que
a família tiver quando o imóvel ficar temporariamente
inabitável por conta de alguma ocorrência prevista no
contrato, como enchente ou desmoronamento. A
seguradora vai ressarcir o valor do aluguel de outro
imóvel para a família viver e cobrir o custo da reforma.
O preço de um seguro residencial é relativamente
baixo, se comparado ao seguro automotivo. “A
franquia de uma casa avaliada em R$ 200 mil,
equipada com móveis e bens que somados
contabilizam R$ 50 mil, não passa de R$ 250 ao ano”,
calcula Neival Freitas, diretor-executivo da Federação
Nacional dos Seguros Gerais (Fenseg).
Foto: Andrey Popov/Shutterstock
O seguro contra dívidas, chamado de prestamista,
tem o objetivo de saldar o débito do credor em caso
de morte ou invalidez. Não é específico para imóveis,
como o imobiliário. “Não há uma determinação que
defina o que ele cobre ou não”, afirma Alexandre
Penner, gerente técnico da Federação Nacional de
Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). É comum
quando se pega empréstimo com bancos, financeiras
ou qualquer pessoa jurídica. Assim como o
habitacional, protege a família do segurado de herdar
uma dívida.
O seguro cobre um determinado número de
prestações e garante que pelo menos parte dela será
quitada. Como o risco de inadimplência diminui, a
taxa de juros cobrada do cliente tende a ser menor.
Por isso, o desconto que se tem nas prestações do
saldo devedor muitas vezes compensa o que se paga
pelo seguro.
O preço varia de acordo com o valor da dívida, a
cobertura contratada e a idade do cliente – quanto
mais velho, mais caro. O pagamento é mensal, e as
parcelas da apólice são somadas às da dívida.
Foto: Tyler Olson/Shutterstock
Planos de previdência para menores de idade podem
soar um pouco estranho, já que essa preocupação
normalmente surge naqueles que estão pensando em
se aposentar. No entanto, esta vem sendo uma opção
frequente de pais que desejam iniciar uma poupança
para seus filhos.
“Venho fazendo muitos planos para recém-nascidos”,
afirma Walter Stank, corretor especialista em
Previdência do Sindicato dos Corretores de Seguro do
Rio Grande do Sul (Sincor-RS). Os clientes contratam
os planos de previdência para jovens e crianças,
pagam as contribuições mensais e, quando a criança
chega à maioridade, decide o que fazer com o
dinheiro aplicado (pagar uma faculdade ou curso
técnico, fazer uma viagem de estudos ou até mesmo
iniciar seu próprio plano de previdência).
A estrutura desses planos é similar à de uma
previdência normal. A criança ou jovem deve ser
menor de 21 anos, idade a partir da qual poderá
mexer no dinheiro aplicado em seu nome.
O beneficiário não precisa necessariamente ser um
filho – pode ser um sobrinho, afilhado, neto ou
qualquer criança que o cliente indicar.
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