Proteção para o carro
do vovô

Para as seguradoras, o fato de o cliente de um seguro de automóvel ter mais de 60 anos é visto com bons olhos. Os idosos normalmente são prudentes no trânsito, usam os veículos fora dos horários de pico, dirigem com cautela, não se arriscam em estradas e saem pouco à noite. Diversas seguradoras têm produtos específicos para esse grupo especial, com descontos que podem chegar a 50% se comparados aos valores dos clientes mais jovens.

Alguns contratos incluem assistências exclusivas, que encarem o preço do seguro, mas que podem ser muito úteis, como transporte para consultas médicas e exames, além de atendimento técnico na residência para programação de aparelhos de vídeo e informática.

Foto: Rob Marmion/Shutterstock

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Seguro-lembrança

A residência de uma pessoa com mais de 60 anos é um patrimônio valioso não apenas pelo imóvel em si, mas também pela importância emocional do espaço, que normalmente reúne bens adquiridos durante décadas. São, enfim, um aconchegante depósito de lembranças acumuladas ao longo da vida.

Na avaliação das seguradoras, fornecer um seguro residencial a um aposentado pode ter vantagens parecidas com as dos contratos de veículos. Idosos costumam passar mais tempo dentro de casa – portanto, é menos frequente deixá-la vazia – e costumam se prevenir melhor contra roubos.

Por isso, há muitos planos residenciais no mercado para aposentados com descontos e ofertas especiais. De acordo com a Escola Nacional de Seguros, uma apólice de seguro residencial para aposentados costuma custar, anualmente, algo em torno de 0,1% do valor da residência.

Entre os adendos especiais para terceira idade estão mordomias como a inclusão de serviços 24h de chaveiros, eletricistas e até faxineiras, além de reparos gratuitos em produtos como fogão e geladeira.

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Seguro de vida esticado

A maior parte dos seguros de vida limita a idade de contratação em 65 anos, mas novos produtos aos poucos vêm se estabelecendo no mercado brasileiro, voltados justamente para esse público: esticam o limite para entre 80 e 85 anos.

O objetivo principal é sempre o mesmo: garantir aos beneficiários escolhidos uma renda mensal temporária ou uma indenização a ser recebida em caso de morte acidental ou natural do contratante.

Porém, diferentemente dos seguros de vida tradicionais, esses contratos para a terceira idade não exigem a chamada Declaração Pessoal de Saúde – na qual o cliente presta uma série de informações sobre seus hábitos e suas condições de saúde, para que a empresa estabeleça o perfil de risco do segurado.

No entanto, é muito comum que haja carência contratual (de dois anos, no máximo). Trata-se de um período inicial no qual a seguradora não pagará o benefício em caso de morte ou acidente do segurado. Se o cliente morrer, não receberá indenização, mas os valores já pagos serão restituídos.

Os produtos podem incluir uma série de benefícios, justamente para atrair o público alvo, como descontos em medicamentos, assistência nutricional, indicação de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas e coordenação de serviços de home-care.

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Auxílio na hora final

O seguro-funeral ou o serviço de assistência funeral normalmente está embutido na cobertura dos seguros de vida. Mas existem novos produtos voltados para pessoas com mais de 65 anos que focam a atenção na cobertura dos gastos com cerimônias de funeral, compra de jazigos ou repatriamento de corpo. Quem perdeu familiares nos últimos anos sabe como os custos desses serviços aumentaram rapidamente.

O objetivo desses contratos é não deixar gastos para os familiares no momento da morte, por si só uma situação de vulnerabilidade emocional.

Os planos se estendem também para o funeral de filhos, cônjuge e até mesmo sogros e sogras ou pessoas sem parentesco indicadas pelo segurado. Alguns abrangem pagamento de pensões mensais ou envio de cestas básicas aos beneficiários indicados, por períodos determinados, que variam, por exemplo, de 5 a 15 anos.

É importante que o cliente esteja atento às condições impostas pelas seguradoras, assim como aos valores das coberturas oferecidas, que algumas vezes podem estar abaixo dos valores praticados pelas funerárias.

Algumas apólices podem prever assistência profissional em todos os detalhes, desde a preocupação com as formalidades, a liberação de documentos, o cerimonial de sepultamento até o processo de partilhas e entrega de herança.

Plano de saúde na
terceira idade

Envelhecer com saúde é o sonho de todo mundo. Mas nem sempre o atendimento médico de qualidade é acessível ao bolso, principalmente para idosos. Nos últimos anos começaram a surgir no Brasil operadoras de planos de saúde especializadas na terceira idade, que encontraram nesse público um nicho de mercado esquecido pelas outras operadoras.

A partir de 59 anos, os clientes de um plano de saúde regular entram na última e mais cara faixa etária e podem sofrer reajustes que muitas vezes duplicam e até triplicam o valor da mensalidade. Por isso, é fundamental, ao contratar um plano, informar-se sobre as regras para aumentos conforme a faixa etária.

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Prevenção e atendimento
especial

Nas operadoras especializadas em idosos, a idade de entrada começa em 49 anos, sem limite etário para contratação, e a tabela de preços é fixa. Com mensalidades que variam entre R$ 280 e R$ 1.000, essas seguradoras oferecem vantagens que vão além do preço. Atenção especializada a idosos, a começar pelos atendentes telefônicos, treinados para lidar com um público que pode ter, por exemplo, dificuldades de audição.

Algumas empresas focam em programas preventivos, com acompanhamento geriátrico a fim de prevenir doenças e, consequentemente, reduzir os gastos. Também são comuns benefícios como coleta domiciliar de exames, atendimento telefônico 24 horas e, principalmente, serviços de ambulância e atendimento emergencial domiciliar 24 horas incluído na mensalidade.

A maior parte dessas operadoras ainda se concentra no estado de São Paulo, mas, com a grande procura de clientes do Brasil inteiro e a pouca oferta, é provável que nos próximos anos aumente o número de concorrentes nesse nicho.

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Saúde e Previdência,
juntos

Outra possibilidade para tentar garantir atendimento de saúde qualificado na terceira idade está se desenhando para os brasileiros. É o Previdência Saúde, ainda em fase de avaliação pelo governo. Será um misto de plano de saúde e previdência privada. A ideia central é diminuir o impacto do valor das mensalidades nas faixas etárias em que os contratos ficam mais caros, ou seja, depois dos 59 anos, justamente o período em que diminui o rendimento das pessoas.

Inspirado em um produto comercializado nos Estados Unidos desde 2003, o Health Savings Account (HSA), o modelo prevê a destinação de uma porcentagem da mensalidade normal paga por um usuário de um plano de saúde para um tipo de capitalização, com acumulação a longo prazo e processo semelhante ao de um plano de previdência privada. Simulação feita pela Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) mostra que, contribuindo entre os 20 e os 60 anos com 15% da mensalidade do plano de saúde para o fundo capitalizado, o beneficiário que começar a sacar o dinheiro acumulado aos 65 anos pode bancar até 60% de suas despesas com o plano durante 20 anos.

O governo ainda estuda a forma como este novo produto será comercializado, já que depende da aprovação de diversos órgãos, por envolver previdência e saúde simultaneamente, como a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a Superintendência de Seguros Privados (Susep), que regula o setor de previdência, os ministérios da Saúde, Fazenda e o Palácio do Planalto.