Investimento no setor imobiliário já é visível em São Paulo
Obras de Retrofit trazem nova vida para prédios antigos no centro com investimento privado
Na cidade de São Paulo, quem procura imóvel para alugar encontra cada vez mais uma empresa de investimentos como locador, em vez de um proprietário. Isso é o resultado da união entre os setores financeiro e imobiliário, que está cada vez mais consolidada.
Entre maio de 2021 e maio de 2022, por exemplo, os fundos imobiliários (FIIs) tiveram aumento de mais de 2,2 milhões de contas. No centro, já se observa a materialização dos investimentos no setor em prédios reformados.
O mais novo exemplo desse movimento é o Edifício RBS 700, prédio da década de 1950 que fica na região central e estava abandonado. Ele passou por um retrofit (técnica de revitalização) com aporte da plataforma de investimentos Jive.
Reestruturado, o imóvel que era corporativo agora terá 60 apartamentos para aluguel de curto prazo (até 30 dias) e longo prazo (a partir de um ano).
João Oliveira, sócio da Jive conta que além do imóvel a Jive terá mais dois empreendimentos na região central, um está em fase de obras e outro em fase de aprovação, sendo que ambos devem ficar prontos até o final de 2023.
“É uma região onde as pessoas querem morar mas não tem opções de imóveis novos, por ser uma região mais antiga”, disse o executivo.
Nos últimos anos, gestoras como Ilion Partners também investem em projetos de Retrofit, que se multiplicam no centro.
No caso da Jive, a empresa resolveu participar do negócio até a ponta: a administração dos prédios será feita pela startup anyLife, que foi investida pela Jive.
Momento de transição
Com os novos imóveis, a Jive pretende entrar na concorrência pelo público de FIIs: “Hoje a gente está em uma transição abrindo o leque para mais investidores. Os nossos investidores são profissionais que entram em um FIM (fundo multimercado) e a gente cria um fundo imobiliário embaixo, que não é listado para o público de varejo. A gente hoje tem 9 prédios (no Brasil) nesse sentido. A nossa ideia, assim que terminar os retrofits e estabilizar a locação, é ou vender para um fundo imobiliário listado ou fazer um fundo imobiliário e fazer uma captação com os investidores”, contou Oliveira.
Essa mudança deve acontecer entre o final de 2023 e 2024: “O mercado [para FIIs] vem surpreendendo. Nos Estados Unidos esse é um mercado muito sofisticado e evoluído. Aqui ele vem evoluindo e as pessoas e os gestores estão entendendo como trabalhar com ele. Para a gente com certeza é interessante estar nesse mercado, com um produto com retorno adequado para ele”, afirmou Oliveira.
Para lidar com um público do varejo, que tem outras dinâmicas de apresentação de resultados e ajuste de riscos, entra outra empresa investida.
“A gente fez um movimento recente, com a aquisição da gestora Mauá, que já tem fundos listados [CRI] e já tem mais de 50 mil cotistas. Então em vez de fazer do zero aqui, a gente fez a aquisição dessa gestora que já traz um background pra isso e a gente entra vai entrar com o que a gente já sabe também e vai estar pronto muito mais rápido”, finalizou Oliveira.