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IPCA-15: prévia de inflação sobe 0,34% em dezembro e acumula alta de 4,71% em 2024

Preços da carne e óleo de soja ajudaram a elevar o resultado da inflação em dezembro; batata-inglesa e tomate tiveram queda

27 dez 2024 - 09h39
(atualizado às 18h37)
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A prévia da inflação oficial no País mostrou desaceleração no último mês do ano. As contas de luz deram trégua, mas os alimentos voltaram a encarecer. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) arrefeceu de uma alta de 0,62% em novembro para 0,34% em dezembro, taxa mais baixa para o mês desde 2018, segundo os dados divulgados nesta sexta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado ficou próximo ao piso das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam uma alta de 0,30% a 0,68%, com mediana positiva de 0,45%. Apesar da surpresa positiva, o IPCA-15 encerrou o ano com elevação de 4,71%, acima do teto da meta de inflação de 3,0% perseguida pelo Banco Central em 2024, cujo teto de tolerância é 4,5%.

A leitura qualitativa do índice de dezembro não foi boa, observou a economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitória. Segundo a economista, o resultado corroborou os últimos comentários do Banco Central, que expressam a visão de um mercado de trabalho aquecido, colocando pressão sobre os preços dos serviços. Assim, o IPCA-15 reforça a tendência de que o Comitê de Política Monetária (Copom) leve adiante o plano de subir a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto porcentual em ambas as primeiras reuniões do ano que vem.

Preço da carne ajudou a pressionar inflação
Preço da carne ajudou a pressionar inflação
Foto: Werther Santana/Estadão / Estadão

"Seguimos com a nossa visão de que o Copom vai seguir o curso que foi traçado", completou Rafaela Vitória, que prevê o fim do ciclo de aperto monetário em maio, com a Selic a 15% ao ano.

Para o economista Adriano Valladão, do banco Santander, os aumentos de preços tanto dos bens industriais quanto dos serviços superaram as expectativas. Houve repasses do encarecimento das carnes sobre os serviços de alimentação fora do domicílio, além de descontos menores na campanha promocional da Black Friday, especialmente em vestuário e smartphones. Mesmo que a surpresa da prévia de dezembro possa reduzir ligeiramente o resultado do IPCA fechado de 2024, Valladão observa que a disseminação nos aumentos de preços e o comportamento dos núcleos (que exclui choques temporários) sugerem que a inflação pode subir para algo entre 5,5% e 6% até meados de 2025.

Alimentos lideram alto no ano

Entre as nove classes de despesas integrantes do IPCA-15, o grupo Alimentação e bebidas foi o que registrou a maior elevação de preços em 2024, 8,00%, seguido por Educação (6,82%) e Saúde e cuidados pessoais (6,03%). Os gastos com Transportes subiram 2,32% em 2024; Habitação, 3,44%; Despesas pessoais, 5,12%; Comunicação, 2,99%; Artigos de residência, 0,83%; e Vestuário, 2,25%.

Após a divulgação da prévia, a LCA Consultores revisou para baixo a projeção para o IPCA fechado de dezembro, de alta de 0,69% para elevação de 0,60%, bem como o encerramento do ano de 2024, de aumento de 5,0% para 4,9%.

"Especificamente sobre o grupo Alimentação e bebidas, esperamos que vários itens aparecerão pressionados no encerramento (do IPCA) de dezembro, destacadamente açúcares e derivados, hortaliças e verduras, frutas, carnes, pescados, carnes e peixes industrializados, aves e ovos, panificados, óleos e gorduras, bebidas e infusões, enlatados e conservas e o subgrupo alimentação fora do domicílio", projetou o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, em relatório em que estima ainda um IPCA de 4,7% em 2025.

No IPCA-15 de dezembro, houve pressão, sobretudo dos alimentos e do cigarro. O cigarro subiu 12,78%, maior vilão individual no mês, devido ao aumento da alíquota específica do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI incidente sobre o produto, a partir de 1º de novembro.

Os alimentos ficaram 1,47% mais caros em dezembro. Houve aumentos no óleo de soja (9,21%), alcatra (9,02%), contrafilé (8,33%) e carne de porco (8,14%). Por outro lado, as famílias pagaram menos pela batata-inglesa (-9,85%), tomate (-6,71%) e leite longa vida (-2,42%).

Quanto à alimentação fora de casa, a refeição subiu 1,34%, e o lanche avançou 1,26%.

Na direção oposta, a energia elétrica residencial recuou 5,72% em dezembro, impedindo uma inflação ainda mais pressionada. A conta de luz ficou mais barata com a entrada em vigor da bandeira tarifária verde em substituição à amarela, a partir de 1º de dezembro. Além disso, houve reduções tarifárias em Brasília e em uma das concessionárias de São Paulo.

Estadão
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