IPCA cai, mas leite e derivados em alta pesam no orçamento
Índice teve queda em julho, puxado pela variação nos segmentos de transporte e habitação
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje, referente ao mês de julho, foi de -0,68%, ante 0,67% em junho. Foi a menor taxa registrada desde o início da série histórica, iniciada em janeiro de 1980. Em 2022, o IPCA ainda acumula alta de 4,77% e, nos últimos 12 meses, de 10,07%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, apenas dois apresentaram queda no mês: Transportes (-4,51%) e Habitação (-1,05%).
Leite e derivados impactaram aumento de alimentação e bebidas
No grupo Alimentação e Bebidas (1,30%), o destaque ficou com a alimentação no domicílio, que acelerou de 0,63% em junho para 1,47% em julho. O maior impacto veio do leite longa vida, que teve alta de 25,46% no mês, e cujos preços já haviam subido 10,72% no mês anterior.
Com isso, os derivados também sofreram alta, como o queijo (5,28%), a manteiga (5,75%) e o leite condensado (6,66%), contribuindo para o resultado observado no mês. Outro destaque foram as frutas, com alta de 4,40% e impacto de 0,04 p.p. no IPCA de julho.
No lado das quedas, os maiores recuos de preços vieram do tomate (-23,68%), da batata-inglesa (-16,62%) e da cenoura (-15,34%), que contribuíram conjuntamente com -0,12 p.p.
De acordo com o DIEESE, que realiza mensalmente uma pesquisa de preço da cesta básica, entre junho e julho o preço do litro de leite integral e do quilo da manteiga aumentou nas 17 cidades pesquisadas. Para o leite UHT, as maiores altas ocorreram em Vitória (35,49%), Salvador (35,23), Aracaju (32,55%) e Natal (30,95%).
No caso da manteiga, as maiores altas foram observadas em Salvador (9,27%), Belém (8,87%) e Porto Alegre (7,49%). Em 12 meses, todas as cidades apresentaram acréscimo de preço nos dois produtos.
Para o leite UHT, as maiores variações acumuladas foram registradas em Florianópolis (80,91%) e Porto Alegre (78,33%). Para a manteiga, as taxas oscilaram entre 13,43%, em Natal, e 32,62%, em Salvador.
A extensão do período de entressafra, devido ao clima seco e à ausência de chuvas, somada ao aumento do custo de produção (medicamentos e alimentação) e à maior demanda por parte das indústrias de laticínios foram os fatores que seguiram elevando o preço nos derivados de leite no varejo.
De acordo com o Boletim do Leite, do Esalq/USP, o preço médio do litro de leite em São Paulo, em pesquisa de julho, foi de R$ 6,49.
Passagens aéreas e ônibus seguem em alta
A queda de 4,51% no grupo dos transportes do IPCA deve-se, principalmente, à redução no preço dos combustíveis (-14,15%). O preço da gasolina caiu 15,48% e o do etanol recuou 11,38%.
Além disso, também foi registrada queda no preço do gás veicular, com -5,67%. O único combustível com alta em julho foi o óleo diesel (4,59%), cujo resultado ficou acima do mês anterior (3,82%).
Apesar da redução da gasolina e do álcool para os motoristas, nos transportes coletivos o impacto não foi o mesmo: em julho foi registrada alta de 8,02% nos preços das passagens aéreas, embora a variação tenha sido inferior à observada em junho (11,32%).
O ônibus urbano (0,18%) também registrou variação positiva, consequência do reajuste de 11,36% nos preços das passagens em Salvador (2,30%), aplicado efetivamente a partir de 4 de junho. No que diz respeito aos veículos próprios (0,65%), houve desaceleração das altas de preços dos automóveis novos (0,11%) e das motocicletas (0,65%), e os automóveis usados tiveram queda de 0,21%.