ITA, companhia aérea do grupo Itapemirim, volta a atrasar pagamentos
Sindicato dos aeronautas pediu esclarecimentos sobre a falta de pagamento de vale-alimentação e de recolhimento do FGTS; companhia alega problema técnico
A companhia aérea ITA, do grupo Itapemirim, voltou a atrasar pagamentos de seus funcionários. Nesta semana, o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) enviou um ofício à empresa para pedir esclarecimentos sobre a falta de pagamentos de vale-alimentação, de diárias de alimentação e do recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A companhia, que começou a operar voos em julho, já havia recebido reclamações de funcionários em agosto por atrasar pagamentos.
Segundo o SNA, o vale-alimentação está atrasado há dois meses. O benefício de R$ 470 é pago a funcionários que recebem menos de R$ 5.200. No caso das diárias de alimentação, cujo valor varia conforme o número de horas trabalhadas por dia, o atraso é de cinco dias. Já em relação ao FGTS, há relatos de trabalhadores de que, neste ano, a contribuição foi recolhida apenas em janeiro e abril.
"Não há nenhuma comunicação da empresa. Ficamos no escuro e em clima de tensão", disse um funcionário sob condição de anonimato. "Os atrasos são constantes, quase todos os meses. Mas a operação está segura. As equipes fazem de tudo para a operação rodar bem."
Procurada, a ITA afirmou que o atraso no pagamento das diárias ocorreu em decorrência de problemas no sistema de escala dos tripulantes, o que "gerou um atraso no cálculo dos valores". De acordo com a companhia, os pagamentos foram regularizados.
Em relação ao FGTS, a empresa informou aguardar parecer da Caixa Econômica Federal para parcelamento dos valores. "Caso ocorra a negativa pela instituição financeira, a Itapemirim depositará integralmente o montante", disse em nota.
Essa também não é a primeira vez que a companhia afirma que problemas técnicos causaram atrasos de pagamentos. Em agosto, a ITA justificou que não havia quitado os salários de julho porque um erro técnico havia ocorrido quando tentava centralizar todos os pagamentos em um único banco. À época, o Estadão teve acesso a documentos que comprovavam atrasos em praticamente todos os meses do ano.
Apesar de fazer parte do grupo Itapemirim, que está em recuperação judicial, a companhia aérea não se encontra na mesma situação. Ainda assim, a administradora judicial do grupo, a EXM Partners, destacou, em relatório referente a setembro, que a ITA já consumiu R$ 39,9 milhões do grupo. A EXM afirmou também já ter pedido esclarecimentos da empresa, mas que o grupo alegou sigilo de mercado para não apresentá-los.