Já pensou em fazer negócios com a África? Mercado é acessível para empreendedores brasileiros
Continente africano tem 54 países, com realidades distintas; confira o que é tendência nesse mercado
Terceiro maior continente do mundo, a África entrou de vez na rota dos investimentos e tem oferecido grande potencial de crescimento para as Pequenas e Grandes Empresas (PMEs). A demanda por produtos brasileiros é alta devido à proximidade cultural e há oportunidades em diversos setores, segundo o presidente da Câmara de Comércio Afro-Brasileira (AfroChamber), Rui Mucaje.
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As principais exportações nacionais para a África são commodities (minério de ferro, petróleo, soja, açúcar), produtos industrializados (aviões, veículos, máquinas) e alimentos (carnes, açúcar, café). No entanto, há uma forte tendência por empresas que atuem no ramo de energia renovável, tecnologia agrícola, infraestrutura e bens de consumo.
“Existe um grande espaço a ser preenchido pelas PMEs, que podem oferecer soluções personalizadas e inovadoras para o mercado africano”, diz Rui em entrevista ao Terra. O angolano afirma que há também uma demanda por exportação de serviços, como formação profissional básica (costura, sapataria, mecânica, etc.).
Outro produto cultural brasileiro de grande sucesso na África e que representa uma excelente oportunidade para as PMEs são as novelas, que têm sido largamente exportadas para o continente. “Elas apresentam o modo de vida brasileiro e diversos produtos e serviços da nossa cultura, elementos muito apreciados pelos africanos”, pondera.
Players que vendem para África
Entre as grandes empresas brasileiras que exportam para a África em 2024 estão Vale (mineração), Embraer (aviação), Petrobras (petróleo e gás), WEG (equipamentos elétricos), BRF (alimentos), Marcopolo (automotivo) e Gerdau (siderurgia).
Questionado sobre os pontos em comum dessas empresas, Rui Mucaje elencou grande porte e capacidade de produção e investimento; produtos de alto valor agregado e grande demanda na África; e presença global e experiência em mercados internacionais.
Confira abaixo outras partes da entrevista com Rui Mucaje
Terra: O que os empreendedores brasileiros precisam fazer para chegar à África?
Rui Mucaje: A jornada para o sucesso no mercado africano começa com a desmistificação do continente. Para isso, os empresários brasileiros precisam conhecer a África de perto, removendo impressões equivocadas e descobrindo seu real potencial. Uma viagem a um dos países africanos pode ser o ponto de partida, permitindo a observação do modo de vida local e a identificação de oportunidades.
Após essa imersão inicial, o próximo passo é conectar-se com as pessoas do destino escolhido, firmando parcerias estratégicas que impulsionem os negócios. A busca por parcerias locais é crucial para minimizar riscos e garantir o sucesso de qualquer empreendimento, produto ou serviço.
É fundamental realizar uma análise de mercado bem conduzida, aproveitando as diversas fontes de informação disponíveis, como canais digitais, redes sociais e a própria AfroChamber. Essa receita infalível permite que empreendedores brasileiros se preparem para conquistar o mercado africano com conhecimento e estratégia.
Terra: Quem quiser expandir seus negócios para o mercado internacional, a África é uma rota de mercado acessível para empreendedores brasileiros?
Rui Mucaje: Sim! A África oferece grande potencial de crescimento, demanda por produtos brasileiros, proximidade cultural e oportunidades em diversos setores. O movimento crescente de PMEs [pequenas médias e grandes empresas] brasileiras oferecendo soluções em formação profissional básica (costura, sapataria, mecânica, etc.) demonstra a acessibilidade do mercado para diferentes perfis de empreendedores.
Terra: O Continente Africano tem 54 países, com realidades distintas, qual desses países os empresários brasileiros fazem mais sucesso?
Rui Mucaje: Angola, Moçambique, Nigéria e África do Sul são alguns dos países com maior presença de empresas brasileiras.
Terra: Como avalia a relação Brasil-África no campo do Comércio Exterior?
Rui Mucaje: A relação é promissora, com potencial de crescimento, mas enfrenta desafios como a necessidade de diversificação da pauta exportadora, infraestrutura logística e concorrência internacional. A AfroChamber desempenha um papel fundamental no incentivo à internacionalização das PMEs, auxiliando-as a superar os desafios e inserir-se no comércio exterior com a África.
Terra: Explica melhor qual o papel que a AfroChamber exerce no mercado Africano?
Rui Mucaje: A AfroChamber é a ponte que conecta empresas brasileiras ao promissor mercado africano, facilitando negócios e promovendo o comércio bilateral e o investimento.
Principais funções da AfroChamber:
- Promover networking: Organiza eventos, missões empresariais e encontros B2B. Em setembro de 2024, a AfroChamber, em parceria com a ApexBrasil e o Ministério das Relações Exteriores, organizou uma missão empresarial de duas semanas à Namíbia, Botsuana, Moçambique e Tanzânia, com a participação de mais de 30 empresas brasileiras de diversos setores.
- Fornecer informações: Oferece dados estratégicos sobre o mercado africano, incluindo informações sobre os países, setores em crescimento, legislação e oportunidades de investimento.
- Apoiar empresas: Auxilia empresas brasileiras que desejam entrar no mercado africano, oferecendo consultoria, assessoria jurídica e apoio logístico.
- Advocacia: Representa os interesses das empresas brasileiras junto a governos e organizações africanas.