Juros: Em dia morno no Brasil, 'risco Ucrânia' impulsiona taxas médias e longas
O clima no mercado de juros era relativamente tranquilo vis-à-vis as tensões geopolíticas no exterior, com as taxas curtas perto da estabilidade e as longas, em leve baixa, na maior parte do dia, mas azedou pouco antes do fechamento da sessão regular.
A declaração do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de que foi avisado de que a Rússia atacará o país na próxima quarta-feira ampliou a cautela nos ativos, levando as taxas para as máximas. A ponta curta ainda conseguiu encerrar estável, mas a partir do trecho intermediário os juros terminaram com ligeira alta.
Ao longo da sessão, a Selic em dois dígitos seguiu reforçando a máxima de que "contra fluxo, não há argumentos" e a perspectiva de entrada de recursos para a renda fixa e variável, favorecendo o câmbio.
Durante a sessão, as taxas acompanharam, em boa medida, o desempenho positivo do real, que superou o de pares emergentes. Além de evidência da atração de fluxo, a queda do dólar também é fator que ajuda a controlar a inflação, podendo até mesmo fazer um contraponto ante uma possível escalada do petróleo em função dos riscos geopolíticos.
Ao longo do dia, a percepção era de que chance de invasão da Rússia à Ucrânia tinha caído um pouco em relação à sexta-feira, quando se caracterizava como iminente. Os esforços diplomáticos prosseguiram, mas o Ocidente subiu o tom sobre as sanções econômicas contra a Rússia em caso de ataque.
No fim da tarde, porém o relato do presidente ucraniano trouxe desconforto, abalando a resiliência da curva. Os preços do petróleo fecharam em alta de mais de 2%. O dólar reduziu a queda, mas ainda assim terminou em R$ 5,2185 (-0,46%).
Assim, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou estável em 12,48% e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,441% para 11,485% (regular). A do DI para janeiro de 2027 avançou 11,356% no ajuste de sexta-feira para 11,365% (regular). Na etapa estendida, a pressão diminuiu e tais contratos fecharam com taxas de 12,465%, 11,475% e 11,375%.
Na pesquisa Focus, depois do tom duro da ata do Copom e das declarações de dirigentes na semana passada, a mediana para a Selic no fim de 2022 subiu de 11,75% para 12,25%, o que pode ter colaborado para que a expectativa de IPCA 2023, para onde está voltado agora o horizonte da política monetária, permanecesse em 3,50%.
A expectativa de inflação deste ano, porém, subiu de 5,44% para 5,50%, cada vez mais distante do teto da meta de inflação de 5%.