Kabum: quem são os irmãos que tentam suspender negócio bilionário com o Magazine Luiza
Leandro e Thiago Carvalho Ramos são os fundadores do e-commerce que foi adquirido pela varejista por R$ 3,8 bilhões; longe dos holofotes, dupla mostra rotina de viagens, carros de luxo e presença em clubes de tiro em Orlando, nos EUA
Foi no interior de São Paulo, em Limeira - a 135km da capital - que os irmão Leandro, então com 17 anos, e Thiago Camargo Ramos, com 21 anos, decidiram criar uma pequena loja física para vender cabos, jogos e peças de computador, há mais de 20 anos. Apesar do começo no modelo tradicional, logo os irmãos decidiram mudar os planos e investir nas vendas no mundo virtual. Com o avanço do comércio digital no País, o Kabum se transformou em um dos principais e-commerces especializados.
O negócio começou com Thiago, que começou a fazer manutenção de computadores ainda nos anos 1990. A ideia da loja surgiu com a dificuldade em encontrar peças para reposição para os seus eletrônicos. Nos anos 2000, criaram uma loja online e perceberam o poder do comércio eletrônico, desistindo do espaço físico.
Em uma entrevista de 2014, para um site de empreendedorismo, a dupla contou que começou o negócio online com um investimento de apenas R$ 200, valor responsável pela compra do domínio do site da companhia. Filhos de um comerciante de Limeira, eles deram o pontapé inicial na operação do Kabum ainda dentro da casa dos pais.
Em 2019, os dois irmãos chegaram a avaliar a possibilidade de fazer um IPO (oferta pública de ações), mas desistiram da opção ao entender que a venda da empresa poderia render mais. Segundo uma fonte que trabalhou com a dupla de empresários, eles entenderam que tinham em mãos uma tecnologia que faltava para as grandes varejistas, sobretudo após a pandemia, que acelerou a digitalização nas empresas.
Nessa altura, os irmãos Ramos já haviam ganhado mercado e passaram a ser notados pelos grandes players, até que seu negócio fosse comprado pelo Magazine Luiza, em um acordo de R$ 3,8 bilhões, sendo a maior parte em ações do Magalu. Agora, um ano depois de fechar a transação, a dupla contesta na Justiça a operação. Eles alegam que o banco de investimentos Itaú BBA e o executivo da área de fusões e aquisições que os assessorava, Ubiratan Machado, favoreceram o Magazine Luiza em detrimento de outros possíveis compradores. Procurados pelo Estadão, Thiago e Leandro não responderam até o momento desta publicação.
Longe dos holofotes
Mesmo com o crescimento do negócio, a dupla se manteve afastado dos holofotes ao longo dos últimos anos, com raríssimas entrevistas e poucas aparições em publicações nas redes sociais, na contramão de outros grandes empresários do País que, cada vez mais, usam a internet como forma de se promover e alavancar os negócios.
Casados e com filhos, os fundadores do Kabum são descritos como inteligentes e muito focados no nicho de atuação deles, que é a tecnologia. Uma das características dos dois é a cumplicidade, o que afasta brigas familiares.
Como presidente do Kabum, mesmo tendo uma conta no Linkedin - a rede social de trabalho e networking -, Leandro Ramos é pouco ativo em suas postagens. Na maioria das vezes, são republicações de notícias. Seu último post foi há mais de cinco meses, para divulgar um vídeo da companhia. Mais reservado ainda na rede social de trabalho, o irmão mais velho mantém a página pessoal ativa, mas sem nenhuma publicação ou comentário.
Armas, carros e viagens
Se atualmente os irmãos Ramos mantêm uma certa discrição, no passado recente Thiago já foi mais adepto à exposição de sua rotina. Em um canal do YouTube, o empresário divulgava vídeos sobre suas aventuras para seus 107 inscritos, com imagens de passeios em família e testes de equipamentos eletrônicos com câmeras e filmadoras.
Além dos vídeos em que mostra carros importados estacionando sozinhos, ou passeios de buggy com os filhos em trilhas de terra, Thiago também já abriu seu canal para divulgar o gosto pelas armas de alto calibre. Em uma série de vídeos, ele e o irmão aparecem em um clube de tiros em Orlando, nos Estados Unidos, atirando com um fuzil AK-47. No Brasil, este tipo de armamento é proibido, sendo de uso restrito das forças armadas.