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Leilão de aeroportos: Custos e cena política barraram participação de empresas

Bloco paulista totaliza 11 aeroportos, inclusive o de Congonhas, segundo mais movimentado do País

17 ago 2022 - 16h01
(atualizado às 17h27)
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Empresas que nunca atuaram no Brasil ou mesmo que atuam em operações aeroportuárias olharam a 7ª rodada de concessões marcada para esta quinta-feira, 18, mas desistiram de entregar propostas diante do aumento brutal dos custos do País e das incertezas envolvendo o cenário político, apurou o Estadão/Broadcast com fontes do setor.

Considerado "joia da coroa" do leilão, o Aeroporto de Congonhas, segundo mais movimentado do País, é um dos mais rentáveis do mercado. Após a retirada de Santos Dumont do leilão, o bloco paulista acabou "herdando" terminais menos atrativos, totalizando 11 aeroportos. A outorga mínima é de R$ 740,1 milhões e o valor estimado do contrato é de R$ 11,6 bilhões.

Aeroporto de Congonhas, em SP
Aeroporto de Congonhas, em SP
Foto: iStock

Nesta terça-feira, a CCR confirmou a desistência do leilão, após ser cotada como a principal competidora para brigar pelo grupo de ativos, tanto por sua relevância no setor como por seu fôlego financeiro.

"O modelo do leilão de oferecer o 'filé e o osso' tinha lógica econômica quando o Aeroporto Santos Dumont estava em jogo. A retirada do terminal pesou na decisão de potenciais interessados", afirma uma fonte ligada a uma operadora asiática, que avaliou a participação no certame. "A decisão de fazer um investimento desse porte quando pode haver troca de governo também acaba sendo afetada."

Um grande grupo do setor de transportes da Europa também avaliou a participação na 7ª rodada, bem como uma empresa brasileira do ramo de construção civil, com forte atuação em obras aeroportuárias. Ambas acabaram desistindo diante do cenário.

"Este não é o melhor momento para leiloar esses ativos, o governo vai apenas cumprir uma agenda política para reforçar o seu programa de desestatização", diz uma fonte de um banco de investimentos que trabalhou para interessados.

Na avaliação de Maurício Endo, sócio da KPMG, a questão dos custos também se tornou crítica na 7ª rodada. "Para a 6ª rodada, promovida no ano passado, o governo refez uma parte da modelagem para acomodar o aumento de custos e obteve êxito, atraindo muitos interessados. De lá para cá, ajustes foram feitos para a 7ª rodada, mas os preços dos insumos continuam subindo e há riscos de subirem mais ainda."

Para ele, o plano do governo era ter lançado a 7ª rodada no primeiro semestre, mas a retirada de Santos Dumont em fevereiro acabou atrasando o leilão. "Se o certame tivesse sido feito no primeiro semestre, o apetite seria maior", diz. "O período eleitoral tem grande peso na decisão."

Porém, que a concessão de aeroportos já vem sendo adotada por outros governos no Brasil. "Não vejo riscos à frente para esse modelo."

Estadão
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