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Leilão de transmissão deverá ter forte disputa, mas cenário macro pode limitar deságio

27 jun 2018 - 12h20
(atualizado às 12h32)
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Um leilão de concessões para a construção e futura operação de linhas de transmissão de energia que será realizado na quinta-feira pelo Brasil deverá registrar forte disputa entre investidores e atrair interessados para todos os projetos que serão oferecidos, que devem demandar cerca de 6 bilhões de reais em investimentos.

Linhas de transmissão de energia elétrica, em Brasília 
31/08/2017 
REUTERS/Ueslei Marcelino
Linhas de transmissão de energia elétrica, em Brasília 31/08/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Especialistas ouvidos pela Reuters avaliam que devem participar da licitação grandes elétricas internacionais, como grupos indianos, chineses e europeus, e empresas locais, tanto do setor de transmissão quanto construtoras que visam ampliar a presença no segmento.

O apetite das empresas deve resultar em descontos frente à receita-teto definida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para cada empreendimento do pregão, mas uma escalada de incertezas no cenário macroeconômico e político do país e na conjuntura internacional poderá limitar os deságios frente à última licitação, em dezembro.

O leilão passado registrou um recorde de participantes, o que chegou a gerar um "congestionamento" na entrada da bolsa paulista B3 no dia do evento, e levou a um expressivo deságio médio de 40,46 por cento em relação aos preços-teto.

"A competição vai continuar acirrada... mas hoje em dia, dado o movimento na economia, tem um componente de risco, um pouco de variação cambial que afeta o custo do investimento... isso vai se refletir, talvez, um pouco nos níveis de desconto, não deve chegar aos níveis do ano passado", disse à Reuters o consultor da KPMG, Paulo Guilherme Coimbra.

A impressão é semelhante à de analistas da corretora Brasil Plural, que em nota nesta semana disseram que a "recente mudança na percepção de risco para o Brasil" deve aumentar o custo de capital para novos investimentos, o que "pode levar os investidores a mostrarem mais disciplina".

"Apesar de a concorrência ser menor neste ano do que no último leilão, não necessariamente será fácil", adicionaram.

Entre os investidores esperados estão a indiana Sterlite Power, que foi destaque nas duas últimas concorrências e eventuais outras empresas do país, além da chinesa State Grid, a francesa Engie, o grupo português EDP e a Celeo Redes, da espanhola Elecnor.

A Cteep, da colombiana Isa, também deve participar, assim como a Taesa, empresa de transmissão controlada pela estatal mineira Cemig e pela Isa, e a elétrica local Energisa.

Mas essas companhias devem concentrar a competição principalmente pelos projetos de maior porte que serão oferecidos, enquanto lotes menores possivelmente atrairão empresas de construção (as chamadas 'EPCistas'), repetindo tendência vista no último pregão.

"Parece que tem muita empresa 'EPCista' nos lotes menores, a gente acha que vai ter bastante dessas empresas fazendo propostas. Eles entram para garantir obras, e pegam lotes menores, para os quais eles têm balanço (suficiente para arcar com riscos e custos)", apontou o sócio da consultoria Thoreos, Rodrigo de Barros.

"A gente tem os estrangeiros, como os indianos, e tem diversas construtoras, que entraram no leilão passado e foi surpreendente... e acho que esse perfil vai seguir", disse a gerente da área de transmissão da consultoria em energia PSR, Martha Rosa Carvalho.

O leilão terá 20 lotes de projetos, que envolverão linhas de energia em 16 Estados. As instalações deverão entrar em funcionamento no prazo de 36 a 63 meses a partir da assinatura dos contratos de concessão, após a licitação. Os vencedores receberão receita pelos empreendimentos por 30 anos partir do início das operações.

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