Luiza Trajano lembra polêmica de seleção exclusiva para negros no Magalu: '72 horas de paulada'
Companhia foi alvo de enxurrada de críticas ao lançar programa de trainees que só aceitava candidatos negros
A presidente do conselho de administração e fundadora da Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, relembrou a polêmica gerada após o anúncio do programa do Magalu para trainees negros, lançado em 2020. Segundo ela, foram três dias seguidos recebendo uma enxurrada de críticas.
A manifestação da empresária ocorreu durante um seminário na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que aconteceu nesta terça-feira, 23, no Rio de Janeiro. O evento foi batizado como Empoderamento Negro para Transformação da Economia. As informações são da Folha de S. Paulo.
O assunto foi abordado no início de seu discurso, em que defendeu a Lei de Cotas e a diversidade racial dentro das empresas. O programa, lançado em 2020, foi anunciado com o objetivo de ampliar a inserção de profissionais negros em postos de liderança na companhia.
Trajano relembrou que a iniciativa foi anunciada em uma sexta-feira e, a partir do comunicado, a companhia passou a receber uma série de críticas, disse a empresária.
"Foram 72 horas da maior paulada, e olha que tomo paulada, que já tomei na vida. Eu e o Magazine. Criaram qualquer tipo de discriminação que nem existia", afirmou.
Apesar das críticas, a companhia não voltou atrás na iniciativa, segundo afirmou Trajano. "A gente aguentou firme, e depois apareceram 22 mil pessoas", disse.
Ela lamentou a falta de oportunidades para negros no Brasil e frisou que tratar do assunto não é "mimimi".
Lei de Cotas
Trajano seguiu seu discurso defendendo a Lei de Cotas e iniciativas de inserção de pessoas negras no mercado de trabalho, com ênfase em cargos de liderança.
"Cota é uma das coisas melhores depois de quase 400 anos de escravidão que tivemos no país [...]. Uma coisa que resolve mesmo é política pública, olha o que Lei de Cotas mudou", afirmou a empresária.