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Lula cobra ministros: Haddad precisa ler menos e negociar no Congresso, Alckmin tem de ser mais ágil

Declaração foi dada durante lançamento de programa de crédito; governo passa por um momento de desgaste no Congresso

23 abr 2024 - 09h34
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BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou a participação de alguns de seus principais ministros na articulação política. Ele deu a declaração no lançamento do programa Acredita, voltado para crédito, no Palácio do Planalto. O Acredita tramitará no Congresso em forma de medida provisória, e precisará de aprovação do Legislativo em até 120 dias para continuar vigorando.

Lula mencionou que seu partido, o PT, tem poucos congressistas num universo de 513 deputados e 81 senadores. "Isso significa que o (vice presidente Geraldo) Alckmin tem de ser mais ágil, tem de conversar mais. O (ministro da Fazenda, Fernando) Haddad tem de, sabe, ao invés de ler um livro, ele tem de perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington (Dias, ministro do Desenvolvimento Social), o Rui Costa (ministro da Casa Civil) passar uma parte do tempo conversando", disse o presidente da República.

"Conversa com bancada A, com bancada B. É difícil, mas a gente não pode reclamar porque a política é exatamente assim. Ou você faz assim ou não entra na política", declarou Lula. O governo do petista passa por um momento de desgaste no Congresso.

É possível que, nos próximos dias, Lula encontre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para tentar melhorar a relação do governo com o Congresso. As prováveis reuniões serão individuais, e não com os dois congressistas ao mesmo tempo.

Lula fez cobrança a ministros por melhora na articulação política
Lula fez cobrança a ministros por melhora na articulação política
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

Questionado sobre a cobrança feita pelo presidente Lula aos ministros na articulação política, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, respondeu que "só faz isso da vida". "Eu só faço isso da vida (conversar com parlamentares)", respondeu Haddad ao ser questionado por jornalistas.

Classe média sustentável

No lançamento do Acredita, Lula disse também que 87% dos acordos salariais feitos em 2023 estipularam aumentos acima da inflação, e que isso é sinal de que os empresários acreditam na economia. "Isso é um sinal de que não é apenas eu que estou acreditando na economia, e o Haddad. É sinal de que os empresários também estão acreditando, embora nem todos falem para a imprensa", disse

Lula também reclamou das avaliações que o empresariado fazem de seu governo. "Empresário tem uma dificuldade para falar bem de governo. Você não tem noção. Você faz uma reunião com os empresários aqui, pode atender 99% da pauta que eles entregarem. Quando eles saírem e a imprensa perguntar 'e aí, tudo bem'? (Vão responder:) 'Ainda não é suficiente'", disse Lula.

O petista disse que isso acontece também com trabalhadores. Seu governo está pressionado por funcionários públicos que estão pedindo aumentos salariais. "Os trabalhadores apresentam uma pauta de reivindicação. 90 itens, a gente atende 89. Quando começam a falar não falam pelos 89 que a gente atendeu, falam pelo 1 que a gente não atendeu", declarou o presidente.

Lula disse desejar um país "de classe média sustentável". Em suas palavras, que não tenha muitos ricos nem muitos pobres. O presidente também declarou não querer uma sociedade "eternamente dependente" de programas com o Bolsa Família.

Ele voltou, porém, a reclamar de críticas sobre gastos do governo com programas sociais. "Tudo o que você faz no governo federal é tratado como se fosse gasto, não é possível", disse./Colaboraram Giordanna Neves e Amanda Pupo

Estadão
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