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Lula defende taxação de super-ricos, pede 'nova globalização' e manda indireta a Musk

Presidente afirmou durante conferência em Genebra que recuperar o papel do Estado como planejador do desenvolvimento é 'tarefa urgente'; segundo ele, igualdade salarial ainda é 'utopia'

13 jun 2024 - 15h07
(atualizado às 15h31)
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‘Mão invisível do mercado só agrava a desigualdade’, diz Lula ao defender atuação do Estado na economia:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a taxação de super-ricos no mundo e disse que o Brasil está "impulsionando" a proposta no âmbito do G-20. Em sua avaliação, vive-se uma "arquitetura financeira disfuncional, que alimenta desigualdade".

"Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio. Isso representa a soma dos PIBs de Japão, Alemanha, Índia e Reino Unido. É mais do que se estima ser necessário para os países em desenvolvimento lidarem com a mudança climática", disse o petista, durante participação na 112ª Conferência Internacional do Trabalho, que ocorre nesta quinta-feira, 13, em Genebra, na Suíça.

Para o chefe do Executivo brasileiro, a "mão invisível do mercado só agrava a desigualdade". "Recuperar o papel do Estado como planejador do desenvolvimento é uma tarefa urgente", disse, pedindo uma "globalização de face humana".

O presidente lamentou que, atualmente, salário igual para pessoas que exercem a mesma função ainda é "utopia". As mulheres são "um dos elos mais vulneráveis na cadeia do trabalho", comentou.

Na fala, Lula aproveitou para mandar uma indireta ao empresário Elon Musk, proprietário da rede social X, antigo Twitter. Segundo ele, a concentração de renda é "tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais, para não ficar na Terra, no meio dos trabalhadores que são responsáveis pela riqueza deles". "Não precisamos buscar soluções em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado", comentou.

Em indireta a Musk, Lula diz que alguns tentam achar planeta para ‘não ficar no meio dos trabalhadores’:

Lula voltou a defender mudanças na governança global e uma reformulação da OIT. "O Brasil vai trabalhar pela ratificação da emenda de 1986, a Constituição da OIT, que propõe eliminar os assentos permanentes nos países mais industrializados do conselho da organização", pediu.

"Não faz sentido apelar aos países em desenvolvimento para que continuem para resolução das crises que o mundo enfrenta hoje sem que estejam adequadamente representados nos principais órgãos de governança global", afirmou. Para o chefe do Executivo brasileiro, cada país deve ter direito a um voto, independentemente do Produto Interno Bruto (PIB) ou tamanho.

Na esteira das cobranças, Lula disse que a OIT tem a "obrigação" de construir um projeto de Inteligência artificial para que o Sul Global possa competir com países ricos. "Temos que atuar para que os benefícios da inteligência artificial cheguem a todos", disse. Segundo ele, no Brasil formula um plano com "olhar especial" para as diferenças no trabalho doméstico.

Estadão
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