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Lula diz que Campos Neto deve explicações ao Congresso e pede 'responsabilidade' ao Banco Central

Fala foi feita em café da manhã com veículos alinhados ao governo; presidente voltou a dizer que o Brasil 'não tem inflação de demanda', o que não justificaria manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano

7 fev 2023 - 17h11
(atualizado às 20h36)
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BRASÍLIA - Em café da manhã com veículos alinhados ao governo na manhã desta terça-feira, 7, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deve explicações ao Congresso Nacional. Ele pediu "responsabilidade com o País" na condução da política monetária.

O petista disse esperar que os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), que integram o Conselho Monetário Nacional com Campos Neto, estejam acompanhando as discussões.

Lula afirmou que "não deveria ser normal" o presidente da República discutir com o chefe do BC. Em seguida, recuou. "Eu não discuto com o presidente do Banco Central. Eu fiz duas críticas à imprensa. Ele deve explicações não a mim. Ele deve explicações ao Congresso Nacional, a quem o indicou. É verdade que temos duas pessoas no Conselho Monetário Nacional e tem mais gente para a gente indicar no Banco Central. Eu espero que o Haddad esteja vendo, esteja acompanhando e esteja ansioso do que tem que fazer", disse o presidente.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão que define, por exemplo, a meta de inflação que o BC precisa perseguir. Para isso, entre outros instrumentos, o Banco Central aumenta os juros, o que encarece os empréstimos e esfria atividade econômica. Lula já criticou a meta de inflação, considerada muito baixa por ele.

Pela lei da autonomia do BC, o presidente da autarquia tem mandato de quatro anos. O Conselho Monetário Nacional (CMN), contudo, pode submeter ao Presidente da República a proposta de exoneração, que teria de ser aprovada por maioria absoluta do Senado. Lula tem desferido críticas a Campos Neto por discordâncias sobre a política monetária, mas também pelo fato de o presidente do BC ser identificado como um bolsonarista.

Ligado ao governo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) vai apresentar nesta terça-feira um requerimento de convocação de Campos Neto na Câmara para explicar a política monetária, tendência antecipada pela reportagem.

Ata do Copom

Em meio às críticas recorrentes de Lula sobre a atuação do Banco Central, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira aponta que alguns diretores do BC citaram os efeitos que o pacote apresentado pelo Ministério da Fazenda poderia ter no combate à alta de preços, mas ponderaram sobre os "desafios de implementação".

Haddad disse que a ata foi mais "analítica" e "amigável" do que o comunicado divulgado pelo BC na semana passada, ao manter a Selic em 13,75% ao ano. "Veio melhor que o comunicado. Mais extensa, analítica, colocando pontos importantes sobre o trabalho do Ministério da Fazenda. É uma ata mais amigável em relação aos próximos passos que precisam ser tomados", afirmou. Ele voltou a defender uma maior coordenação entre a política fiscal (sob sua coordenação) e a política monetária (de responsabilidade do BC).

Na segunda, Haddad disse que o comunicado do BC poderia ter sido "mais generoso" com as medidas já anunciadas pela equipe econômica.

Estadão
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