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Lula diz que 'cursos de Economia precisam mudar o que é custo, o que é gasto e o que é investimento'

Discurso ocorre no momento em que Haddad busca construir um consenso em torno da nova âncora fiscal

20 mar 2023 - 20h52
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BRASÍLIA - Enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mantém uma rodada de conversas sobre o novo arcabouço fiscal, que contemple uma regra mais flexível de controle de gastos, equilibrando os interesses da chamada ala política e do mercado financeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer que recursos destinados à saúde não podem ser classificados como "gastos".

Na linha do discurso adotado durante a campanha, Lula voltou a afirmar que é preciso mudar a compreensão sobre os conceitos de custos, gastos e investimentos. "Nós precisamos arejar nossa cabeça. Os cursos de Economia daí para frente precisam mudar o que é custo, o que é gasto e o que é investimento. Porque não tem nada mais precioso do que investir para que uma pessoa pobre possa comer três vezes ao dia", durante o evento de lançamento do novo Mais Médicos, criado em 2013, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

"Como se pode colocar saúde dentro do teto de gastos?", questionou. O presidente disse que o programa foi retomado justamente porque a saúde não pode ser "refém" do teto de gastos. Lula disse ainda que não é possível tratar saúde como gasto, já que não tem investimento "maior que salvar uma vida". "Tudo o que é feito para educar, formar e cuidar da saúde do povo precisa ser visto como investimento", afirmou.

Lula durante anúncio da retomada do Programa Mais Médicos nesta segunda, 20
Lula durante anúncio da retomada do Programa Mais Médicos nesta segunda, 20
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

El defendeu que não há possibilidade de um País se desenvolver se não tiver investimento e garantiu que, até completar 100 dias de governo, serão realocadas todas as políticas públicas adotadas durante as gestões petistas e consideradas exitosas. Após esse período, haverá o anúncio de novos projetos.

Pressão da ala política no arcabouço

O discurso do presidente ocorre no momento em que Haddad busca construir um consenso em torno da nova âncora fiscal, em substituição ao teto de gastos - regra que limita o crescimento das despesas à variação da inflação.

A pressão da ala política, no entanto, foi intensificada desde a reunião da última sexta-feira, 17, no Palácio do Planalto, na qual Haddad tratou sobre o arcabouço com Lula, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, do Planejamento, Simone Tebet, da Gestão, Esther Dweck, e do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. No último sábado, 18, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi às redes sociais dar o tom do discurso.

"Se é verdade que a economia crescerá menos este ano segundo indicadores divulgados pelo governo, precisamos então aumentar os investimentos públicos e não represar nenhuma aplicação no social. Em momentos assim, a política fiscal tem de ser contracíclica, expansionista", publicou.

Hoje, Haddad fez uma rodada de reuniões com os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, além de líderes das Casas Legislativas, para avançar nas discussões em torno da proposta.

Estadão
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