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Lula diz que explicação do Copom para taxa de juros é uma vergonha

Patamar da taxa de juros Selic foi fixada em 13,74% ao ano mais uma vez

6 fev 2023 - 12h34
(atualizado às 13h09)
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Lula diz que explicação do Copom para taxa de juros é uma vergonha
Lula diz que explicação do Copom para taxa de juros é uma vergonha
Foto: fdr

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou nesta segunda-feira, 6, de "vergonha" a explicação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para o atual patamar da taxa de juros e pediu que a classe empresarial e a sociedade reclamem do nível da taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano.

Na cerimônia de posse de Aloizio Mercadante como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Rio de Janeiro, Lula afirmou ainda que não existe justificativa para o atual patamar dos juros e voltou a afirmar que não existe necessidade de um Banco Central formalmente independente do governo, como ocorre atualmente.

Entre o rápido aumento das expectativas de inflação e as críticas do governo ao choque de juros, o Banco Central escolheu seguir o plano de voo e manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela quarta vez seguida no Comitê de Política Monetária (Copom). Assim, o órgão optou por manter os juros básicos no maior nível desde janeiro de 2017.

A primeira decisão do BC no novo governo de Lula era consenso no mercado diante da estratégia anunciada pelo Copom de estabilidade da taxa neste patamar por um período "suficientemente prolongado". Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, todas as 50 instituições financeiras consultadas esperavam a estabilidade dos juros básicos em 13,75% ao ano.

Apesar da autonomia formal do Banco Central, que mantém a mesma composição na diretoria do órgão, o órgão entrou na mira do governo. Além das críticas do presidente e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aos juros elevados, houve também questionamento de Lula à necessidade da independência na lei e ao nível da meta de inflação.

Somados aos temores com a sustentabilidade fiscal, após a expansão de gastos de R$ 145 bilhões aprovada na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, as cutucadas do governo no BC provocaram um forte desvio das expectativas de inflação para 2023 e 2024, mas também para prazos mais longos, de 2025 e 2026, fora do horizonte relevante do Copom.

No último Boletim Focus, a estimativa era de 5,74% para 2023, acima do teto da meta de 4,75%, o que aponta para três anos seguidos de descumprimento pelo BC de seu mandato principal, após 2021 e 2022.

Para 2024, a previsão de mercado é de 3,90%, mais alta do que o alvo central de 3,00%, mas aquém do limite superior de 4,50%. Para 2025 e 2026, a projeção estava em 3,50%. A meta para 2025 é de 3,00% e, para 2026, o objetivo inflacionário ainda não foi definido.

Expectativas de inflação elevadas são uma espécie de "inflação contratada", segundo economistas, o que pode impor ao BC a necessidade de manter a Selic no patamar alto por um período maior ou até mesmo elevar a taxa.

E juros básicos altos refletem no encarecimento do crédito e influenciam negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos. Além disso, investidores buscam retornos reais em suas aplicações financeiras, ou seja, já descontada a taxa de inflação esperada no horizonte de investimento. Expectativas de inflação mais alta fazem os investidores exigirem taxas de juros maiores, impactando o custo de captação de empresas e do governo.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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