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Lula diz que pacote de contenção de gastos não está concluído; anúncio pode ficar para próxima semana

O governo tem sido pressionado pelos mercados a apresentar medidas convincentes de cortes de gastos para assegurar o arcabouço fisca

6 nov 2024 - 20h17
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Lula se reuniu com Haddad e outros ministros por mais de três horas para tratar sobre as medidas de revisão de gastos.
Lula se reuniu com Haddad e outros ministros por mais de três horas para tratar sobre as medidas de revisão de gastos.
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

BRASÍLIA (Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que não pode adiantar quais propostas de contenção de gastos estão sendo discutidas pelo governo porque o pacote de medidas ainda não está fechado, e duas fontes que participam das discussões disseram que o anúncio só deve ocorrer na próxima semana.

"Estou em um processo de discussão muito, muito sério com o governo, porque conheço bem o discurso do mercado, a gana especulativa do mercado", disse Lula em entrevista à Rede TV.

De acordo com duas fontes envolvidas nas discussões ouvidas pela Reuters, o anúncio das medidas dificilmente irá ocorrer ainda esta semana, como havia sido previsto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Antes da entrevista de Lula, Haddad tinha dito na manhã desta quarta que a rodada de reuniões entre ministros para tratar das medidas fiscais estava concluída, acrescentando que o próximo passo seria Lula conversar com os presidentes das duas Casas do Congresso antes do envio das medidas para análise dos parlamentares.

Mais tarde, após sair de encontro com o presidente, o ministro disso que uma reunião para fechar detalhes que ainda precisam ser discutidos será realizada na quinta-feira. Segundo ele, Lula quer incluir todo o governo nas discussões.

Perguntado sobre a data do anúncio e se poderia ser feito após a reunião de quinta-feira, Haddad afirmou que "a questão é como é que o presidente vai decidir dialogar com as duas Casas".

MAIS NECESSITADOS

Na entrevista à Rede TV, Lula afirmou que o corte de gastos não pode ocorrer às custas dos mais necessitados e questionou se demais setores da sociedade aceitariam contribuir para a questão fiscal.

"Se eu fizer um corte de gastos para diminuir a capacidade de investimento do Orçamento, a pergunta que eu faço é a seguinte: ´o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer?´", disse.

"Os empresários que vivem de subsídio do governo vão aceitar abrir mão um pouco do subsídio para a gente poder equilibrar um pouco a economia brasileira? Vão aceitar? Eu não sei se vão aceitar", acrescentou.

O governo tem sido pressionado pelos mercados a apresentar medidas convincentes de cortes de gastos para assegurar o arcabouço fiscal, e a vitória do republicano Donald Trump na eleição presidencial norte-americana elevou essa necessidade, caso contrário câmbio e juros seguirão pressionados, afirmaram analistas ouvidos pela Reuters nesta quarta-feira.

Reportagem da Reuters na terça-feira informou que o governo estuda colocar os limites dos gastos com saúde e educação sob um teto geral que já vigora para outras despesas. Segundo fontes, a ideia é que essas despesas passem a ser disciplinadas pelas regras estabelecidas pelo arcabouço fiscal aprovado no ano passado pelo governo Lula, que combina metas de resultado primário com um teto para o crescimento real das despesas de até 2,5% ao ano.

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