Lula indica Gabriel Galípolo para suceder Campos Neto na presidência do Banco Central
Diretor do BC precisa passar por nova sabatina no Senado; Galípolo foi presidente do Banco Fator, entre 2017 e 2021, e se aproximou da cúpula petista no final de 2021, ainda antes da pré-campanha para as eleições presidenciais
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou o economista Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do Banco Central, para suceder Roberto Campos Neto na presidência da instituição. O anúncio foi feito no Palácio do Planalto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta tarde de quarta-feira, 28. Conforme o ministro, Lula encaminhará ainda hoje o nome de Galípolo ao Senado, responsável por sabatiná-lo.
"Hoje, ele está encaminhando ao Senado Federal, ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e ao senador Vanderlan Cardoso, presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), o indicado dele para a presidência do Banco Central, que vem a ser o Gabriel Galípolo", disse Haddad a jornalistas, no Palácio do Planalto.
Galípolo, que sempre foi o favorito na bolsa de apostas para o cargo, agora será sabatinado pelo Senado Federal. Em abril, o Estadão antecipou que o anúncio do novo nome seria feito mais cedo, de modo que as sabatinas ocorressem ainda em 2024 e a transição fosse "suave e colaborativa".
O cargo de Campos Neto à frente do BC se encerra em 31 de dezembro. Essa, portanto, será a primeira substituição na presidência sob o sistema de mandatos fixos no Banco Central, iniciado em 2021, com a aprovação da lei de autonomia operacional da instituição.
Formado em economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com mestrado em economia política pela mesma instituição, Galípolo foi presidente do Banco Fator, entre 2017 e 2021, e se aproximou da cúpula petista no final de 2021, ainda antes da pré-campanha para as eleições presidenciais.
Com a vitória de Lula, teve papel importante durante a transição. No início do mandato, em janeiro de 2023, assumiu a Secretaria-Executiva da Fazenda, sendo o número 2 da pasta e atuando como braço direito do ministro Fernando Haddad. Em maio do mesmo ano, foi indicado para a diretoria de Política Monetária do Banco Central.
Na semana passada, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que não via empecilhos para aprovar na Casa uma eventual indicação de Galípolo à presidência da autarquia.
Reforçando os indícios de que o atual diretor de Política Monetária do BC era o escolhido para assumir a presidência da instituição, o senador comentara na ocasião: "O Galípolo é o nome que está em alta, eu não sei se vai ser ele, não sou eu que escolho". Quando indagado sobre se Galípolo seria aprovado no Senado, o parlamentar respondeu: "Eu não vejo problema, sinceramente não vejo problema".
Demais indicados
O ministro informou que, agora, o governo começa a trabalhar nas indicações para os três outros diretores que precisam ser nomeados. Os mandatos do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, e dos diretores de Regulação e Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta terminam em 31 de dezembro. Com a escolha de Galípolo, o governo também terá de indicar um novo diretor de Política Monetária.
"Oportunamente, nós devemos, depois de entrevistar e tomar a decisão junto ao presidente da República, indicar os três diretores que vão compor a nova diretoria", disse Haddad.