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Lula mostrou pragmatismo, mas política econômica ainda pode ser errática; leia análise

Novo arcabouço fiscal passa mensagem de que presidente ainda confia mais no plano de voo de Haddad que na ala 'expansionista' do PT

30 mar 2023 - 18h54
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O novo arcabouço fiscal passou uma mensagem importante sobre a política econômica do governo Lula: a de que o presidente continua a confiar mais no plano de voo do ministro Fernando Haddad, que prevê uma expansão gradual dos gastos, do que nas ideias da ala do PT que defende um período mais longo de déficits públicos e expansão dos gastos sociais.

O teto de 2,5% acima da inflação para a expansão dos gastos é um exemplo importante. Ao concordar com essa parte da regra, Lula avisa que a valorização do salário mínimo e dos programas sociais ocorrerá de forma lenta, mesmo em anos eleitorais. A política fiscal de Lula depende muito do aumento das receitas, e também de um pouco de sorte, mas isso já era sabido desde a campanha eleitoral.

Foi, portanto, uma confirmação de que o presidente continua a ser mais pragmático em matérias econômicas do que a maioria de seu partido. Isso será muito importante no restante do seu mandato, pois a política fiscal depende de muitas batalhas difíceis no Congresso, com medidas de aumento de carga tributária, para ter sucesso.

Mas o fato de Lula ter mostrado pragmatismo em política fiscal não significa que seu discurso sobre juros se torne menos agressivo, ou que ele ficará menos errático em decisões futuras. Lula tem hesitado em tomar decisões difíceis, e tem usado uma retórica menos moderada, por governar em um contexto de forte polarização política, com popularidade mais baixa do que em outros períodos. Lula pode ser pragmático e ao mesmo tempo sentir-se inseguro, ou desconfiado, e por isso ter menos convicção em outras medidas prescritas por Haddad.

Se a economia fraca começar a afetar a popularidade de Lula, ainda há um grande risco de piora da política econômica, com um presidente tentado a medidas desesperadas para virar o jogo.

Estadão
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