Mais da metade das empresas de tecnologia não tem estratégia de descarbonização, aponta pesquisa
Levantamento feito pela consultoria KPMG com 800 líderes de empresas do setor no Brasil e no mundo mostra ainda que apenas 16% têm alguma meta para redução de emissões
RIO - Apesar de ser uma força disruptiva na economia global, as empresas de tecnologia engatinham, na sua maioria, quando o tema é a descarbonização e compensação de emissões de suas operações, mostra um pesquisa feita pela consultoria KPMG com cerca de 800 líderes de empresas do setor no Brasil e no mundo, obtida pelo Estadão/Broadcast.
Segundo a pesquisa, 53% das companhias pesquisadas não têm estratégia de descarbonização em vigor, o que inclui a redução ou compensação das emissões de gases do efeito estufa nas operações. Além disso, apenas 16% têm alguma meta para redução de emissões e 31% possuem apenas um planejamento nesse sentido.
Marcio Kanamaru, sócio-líder de tecnologia, mídia e telecomunicações da KPMG no Brasil e na América do Sul, lembra que o setor colabora com o aumento das emissões de gases do efeito estufa especialmente por causa da produção de equipamentos (hardwares), como computadores, celulares e televisores.
"As empresas de tecnologia costumam ser vistas como disruptivas e pioneiras. Porém, quando se trata da descarbonização, muitas ainda têm o desafio de traduzir aspirações em ações. Essas companhias ainda buscam formas de reduzir a emissão", afirma Kanamaru, responsável no Brasil pela pesquisa chamada "É a hora da descarbonização de empresas de tecnologia".
Quando questionados sobre as barreiras para descarbonizar o negócio, os executivos ouvidos pela pesquisa apontaram para duas principais questões: o conselho e a administração não estão suficientemente engajados na questão (18%) e os investidores da empresa estão focados nos objetivos de curto prazo (17%).
Do grupo que tem uma estratégia de descarbonização, os esforços estão focados na contratação de energia renovável, eficiência energética e a prática de compensação de carbono, que consiste na compra de crédito de carbono no mercado. Somente 13% dos executivos do setor de tecnologia têm incentivos de remuneração atrelados à descarbonização.
Sócia da KPMG líder de ESG (sigla em inglês para ambiental, social e de governança), Nelmara Arbex diz que o adiamento de ações concretas para a descarbonização não é recomendável para nenhum setor. "Todos têm que fazer a sua parte no combate às mudanças climáticas. Esse adiamento criará desafios com relação ao custo de capital, atração de talentos, acesso a mercados e à preferência do consumidor", analisa.