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Mais retorno no menor prazo: política bagunça Tesouro Direto

5 abr 2016 - 17h31
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Cenário político cada vez mais incerto faz investidor pedir mais prêmio de risco no curto prazo
Cenário político cada vez mais incerto faz investidor pedir mais prêmio de risco no curto prazo
Foto: Pixabay / O Financista

Um fenômeno curioso tem acontecido no mercado de títulos públicos brasileiros: os investidores estão exigindo retornos maiores para papéis de menor prazo do que para títulos com vencimentos mais longos.

O conceito de risco e retorno nos ensina que quanto mais risco se correr num investimento, mais retorno se deve exigir dele. Como o futuro é algo incerto, aplicações de mais longo prazo devem, a priori, pagar um rendimento maior por isso.

O conturbado cenário político brasileiro, porém, inverte essa lógica. “Temos uma incerteza política tão grande que bagunça tudo”, diz Lauro Araújo, diretor da Las Consultoria.

No Tesouro Direto, o título Tesouro IPCA (NTN-B Principal) com vencimento em 2024, por exemplo, tem taxa de 6,63% nesta terça-feira (5), enquanto o mesmo papel com vencimento em 2035 tem taxa de 6,48%. Esse movimento vem sendo observado desde o fim da semana passada.

“Essa inversão é causada pela necessidade de pedir mais prêmio de risco no curto prazo. O investidor não sabe como vão estar as coisas daqui a um ou dois anos, quando os papéis de mais curto prazo vencerem, e ele terá que reaplicar esse dinheiro. É o risco do reinvestimento”, diz Araújo.

Já quem está fazendo uma aplicação com vencimento lá na frente está garantindo uma taxa de juros longa que passa por cima desse período de recessão e crise política, afirma.

A possibilidade de continuidade ou queda do governo da presidente Dilma Rousseff muda bastante as perspectivas do mercado para câmbio e juros no futuro, observa Roberto Indech, analista de investimentos da corretora Rico.

“Mas no curto prazo o cenário político — e consequentemente econômico — está absolutamente incerto, por isso as taxas mais curtas estão pagando retornos melhores do que as longas”, diz Indech.

Cenários

Os cenários políticos estão cada vez mais voláteis e se multiplicando. Se antes as possibilidades eram Dilma cai ou Dilma fica, agora já se começa a discutir, na possibilidade de mudança de governo, como seria o dia seguinte sob o comando de Michel Temer. Também já há setores pedindo por novas eleições.

Neste cenário, os títulos prefixados continuam sendo uma aposta mais arriscada, porque apesar do mercado esperar que o ciclo de corte da Selic comece ainda neste ano, tudo pode mudar a depender de como o ambiente político evoluir.

“A aposta mudou. Quem estava apostando na linha de uma saída política no curto prazo assumiu risco e ganhou dinheiro com isso. Mas essa estratégia acabou, não vale mais porque o cenário político agora é diferente”, diz o diretor da Las Consultoria.

Ele aponta agora duas apostas: Dilma e Temer. Se o investidor acredita que Dilma termina o seu mandato, ele indica a zeragem de posição de títulos prefixados, porque a taxa tende a voltar para os 16%, abrindo uma oportunidade de compra. Hoje, esses papéis estão negociando próximo de 14%.

Vale lembrar que a taxa de retorno e o preço dos títulos públicos têm comportamento inversamente proporcional, ou seja, quando um cai o outro sobe. Neste caso, se a taxa do prefixado sobe, seu preço cai, um bom momento para adquiri-lo e vendê-lo mais à frente quando a taxa cair e seu preço aumentar.

Se a aposta for por um governo de Temer, Araújo diz que há duas possibilidades. A primeira, de um governo sem base política. Aí é o mesmo cenário em que Dilma fica: zere as posições e espere para comprar quando a taxa subir, indica o consultor. Já se Temer tiver base, as taxas devem cair e os papéis de apreciarem.

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