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Mantega: commodities e câmbio barraram queda da inflação

7 mai 2014 - 02h07
(atualizado às 02h19)
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Apesar dos aumentos de juros, o ministro garantiu que o desemprego continuará baixo e que o impacto da política monetária sobre a produção é temporário
Apesar dos aumentos de juros, o ministro garantiu que o desemprego continuará baixo e que o impacto da política monetária sobre a produção é temporário
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil
Os choques de preços nas commodities - bens agrícolas e minerais com cotação internacional - e a desvalorização do real impediram a queda da inflação para o centro da meta, de 4,5%, nos últimos anos, disse na terça-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em entrevista ao programa Espaço Público, da TV Brasil, ele admitiu contratempos em relação à trajetória dos índices de preços, mas reafirmou o compromisso com o controle da inflação e a autonomia do Banco Central (BC).

“Eu também gostaria de trabalhar com uma meta menor de inflação, mas vamos ser realistas. Nos últimos anos, temos tido pressões inflacionárias. Se, daqui para a frente, não houver mais desvalorização do real, teremos pressão inflacionária menor. Aí, poderemos tomar a tarefa de desindexação da economia”, declarou o ministro.

Segundo Mantega, nos últimos três anos, o planeta enfrentou choques nos preços das commodities provocados por secas nos Estados Unidos, na China e na Índia. Além disso, o real se desvalorizou 35% nos últimos dois anos.

Em resposta à pergunta da diarista Maria do Socorro Santos, que reclamou da alta nos preços dos alimentos nos últimos meses, o ministro se disse otimista em relação à inflação desses produtos. De acordo com Mantega, os preços dos alimentos cairão nos próximos meses até atingirem um “patamar mais tranquilo” em junho. Ele também citou o aumento da renda da população para tranquilizar a diarista.

“Em alguns anos, a inflação aumenta mais e aumenta menos. Mas certamente o trabalhador ganha mais do que há oito, 10 anos. Os salários das diaristas estão num nível maior por causa do programa de desenvolvimento que implementamos no País, que criou empregos e elevou o padrão de vida”, declarou.

Perguntado pela repórter Leandra Peres, do jornal Valor Econômico, sobre possíveis interferências políticas no Banco Central, o ministro assegurou o compromisso do governo com a autonomia da autoridade monetária. “Uma autonomia do Banco Central é importante para que ele possa fazer as maldades necessárias em momentos de inflação mais alta, sem interferência”, afirmou. Segundo Mantega, o fato de o Banco Central ter aumentado a taxa Selic (juros básicos da economia) em 3,75 pontos percentuais em ano eleitoral mostra o empenho no controle da inflação.

Apesar dos aumentos de juros, o ministro garantiu que o desemprego continuará baixo e que o impacto da política monetária sobre a produção é temporário. “Temos apoiado o Banco Central na condução da política econômica. Não podemos e não estamos brincando com a inflação. A alta dos juros prejudica momentaneamente o crescimento, mas, assim que a inflação cai, crescemos mais lá na frente”, argumentou.

Em resposta ao operário João Batista de Oliveira, que manifestou pessimismo em relação às perspectivas de emprego na construção civil, Mantega disse que o trabalhador será disputado nos próximos anos. Na avaliação do ministro, a construção civil continuará aquecida por causa do programa de concessões de projetos de infraestrutura, que movimentarão R$ 500 milhões nos próximos anos, e do Programa Minha Casa, Minha Vida, que terá uma terceira fase anunciada em breve pela presidente Dilma Rousseff.

Agência Brasil Agência Brasil
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